sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O LADO HUMANO DE ALEIJADINHO


Aleijadinho tinha acesso de ódio, mas também de perdão, seu sonho era construir uma igreja totalmente arejada para mostrar o céu azul de Vila Rica, não sei se ele acreditava em Deus, porque a vida lhe dera muita coisa ruim, não tinha ninguém por ele, a não ser a nora que era bordadeira e o tratava como filho, pois fora abandonado pelo filho ingrato. Aleijadinho reclamava muito com seus ajudantes enquanto aliviava as dores das mãos na água fria, Veja bem, meu caro, quando menino, Vila Rica era uma cidade festeira, hoje está desbotada nas cores e parada no tempo, não há mais segredos neste lugar de linguarudos.



Mesmo na hora de ira, Aleijadinho arranjava um jeito jocoso de resolver a questão. Por outro lado, era irreverente para com os pretensiosos, arrogantes e bajuladores. Já para com os poetas era todo ouvidos, abria-se totalmente numa alegria sem par, talvez porque os poetas são seres cuja alma é completamente humana.
No leito de morte, junto de sua nora, sentiu uma paz extrema, era Natal, estava completamente cego e num dado momento sua visão voltou ao normal e ele viu um anjo esculpido por ele pendurado na parede, foi o seu último suspiro.
 
Anibal Werneck de Freitas.

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VENTO SUAVE (Lenira, Armando e Anibal)