Aleijadinho tinha acesso
de ódio, mas também de perdão, seu sonho era construir uma igreja totalmente
arejada para mostrar o céu azul de Vila Rica, não sei se ele acreditava em
Deus, porque a vida lhe dera muita coisa ruim, não tinha ninguém por ele, a não
ser a nora que era bordadeira e o tratava como filho, pois fora abandonado pelo
filho ingrato. Aleijadinho reclamava muito com seus ajudantes enquanto aliviava
as dores das mãos na água fria, Veja bem, meu caro, quando menino, Vila Rica era
uma cidade festeira, hoje está desbotada nas cores e parada no tempo, não há
mais segredos neste lugar de linguarudos.
Mesmo na hora de ira,
Aleijadinho arranjava um jeito jocoso de resolver a questão. Por outro lado,
era irreverente para com os pretensiosos, arrogantes e bajuladores. Já para com
os poetas era todo ouvidos, abria-se totalmente numa alegria sem par, talvez
porque os poetas são seres cuja alma é completamente humana.
No leito de morte, junto
de sua nora, sentiu uma paz extrema, era Natal, estava completamente cego e num
dado momento sua visão voltou ao normal e ele viu um anjo esculpido por ele
pendurado na parede, foi o seu último suspiro.
Anibal Werneck de Freitas.
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