sexta-feira, 30 de agosto de 2019

LARGUE O MEU OSSO!!!



Naquele tempo, em Conceição da Boa Vista, dava nome de bar, quando tinha cadeira pra sentar e de botequim, quando não tinha. A gente ficava em pé mesmo. Pois bem, nesta época, aconteceu uma história de verdade, que vale a pena contar.
Um tal de Chiquito tinha um botequim, com uma sinuquinha e um movimento muito bom. Chiquito era muito alegre e gozador. Acontece que ele tinha um freguês muito frequente, conhecido como Cletinho e, a história que eu vou contar, começa e termina com ele.
Cletinho era um homem de meia idade e baixinho, quando bebia, ficava muito tonto, mas nunca caía.
Pois bem, tudo começou numa noite muito escura. Chiquito, do balcão, virou pro Cletinho e disse, num tom sério, querendo rir, Cletinho, tenho aqui um dinheiro e ele é todo seu, se você tiver a coragem de ir lá no cemitério agora, buscar um osso ou o crânio de uma caveira, que estão no forno. 
Já bem calibrado, Cletinho respondeu, Uai, é pra já! Pode deixá que eu vou buscá esse osso! Falando isso tomou mais um gole e saiu correndo como um louco e já era quase meia-noite. 
É bom lembrar que o cemitério ficava longe, tinha que subir um caminho longo que dava até no morro, onde estavam a igreja e o campo santo atrás dela.
Chiquito era um homem que tudo o que fazia, preparava bem antes e, vendo o Cletinho sair, pegou um lençol branco, que estava debaixo do balcão e partiu atrás, indo por um atalho, que poucos conheciam. Chegando  primeiro, rapidamente se enrolou no lençol e ficou esperando atrás de um túmulo.
Quando Cletinho chegou cansado, tinha uma luazinha que ajudava a clarear muito pouco. Pois é, quando ele se aproximou de um  forno, lugar onde ficavam ossos desenterrados pra dar lugar a outros na sepultura, ele ouviu uma voz cavernosa, porque o Chiquito era bom nisso, Cletinho, não mexe em nada!!!
Acontece que o Cletinho não se assustava facilmente e continuava a pegar os ossos. Cada um que pegava, ele ouvia, Não, este aí é da minha avó!!!, este é do meu avô!!!, este é do meu pai!!!, este é da minha mãe!!!. Mesmo assim, ele continuava e quando pegou o último osso, Chiquito se levantou detrás do túmulo e como um fantasma, berrou, Este osso é meu!!!, este osso é meu!!!  Cletinho, vendo aquilo, ficou tão apavorado, que saiu do cemitério, como um foguete, com o osso agarrado no peito. 
Conhecedor do tal atalho, Chiquito chegou bem na frente e, calmamente, foi pro balcão. E neste exato momento, Cletinho chegou, com o coração na boca e, sem desconfiar de nada, jogou o osso no balcão e falou, Taí o osso que você queria, me dá meu dinheiro pra cá! O pessoal não acreditava no que via, o osso estava realmente encima do balcão. 
É bom lembrar que esta história foi contada muitas vezes em Conceição e em Recreio. Mas, por causa dela, surgiu uma grande pergunta, Quem teve a coragem de levar o osso de volta?.

anibal werneckfreitas, em 30/08/2019.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Histórias do Dono do Café Sto. Antônio por Antonio Hygino de Freitas

Naquele tempo, em Conceição da Boa Vista, dava nome de bar, quando tinha cadeira pra sentar e de botequim, quando não tinha. A gente ficava em pé mesmo. Lá em casa, por exemplo, tinha um corredor e o pessoal de Recreio já estava acostumado com ele e nele mesmo bebiam e comiam.
Quando eu ia em Recreio, era comum ouvir, Qualquer dia eu vou aparecer lá no seu botequim, em Conceição.
Minha mãe, Ana Hygino, fazia as coisas na cozinha e eu servia o pessoal. O botequim era a minha própria casa, ficava na Praça Sto. Antônio, que hoje tem outro nome e nela tinha uma igrejinha do mesmo santo e que ainda existe. Foi um tempo muito bom, pena que não tem mais esta casa, porque depois que minha mãe morreu, o Jair, meu irmão, passou a morar nela. Anos mais tarde veio a falecer, deixando a casa pros seus filhos, todavia, sua filha, Leci, construiu uma nova no seu lugar e logo em seguida vendeu.
Pois bem, na época que eu vivi em Conceição, aconteceu uma história de verdade, que vale a pena contar.
Meu tio Quirino tinha um botequim, com uma sinuquinha e um movimento muito bom. Este meu tio era tratado como Quirininho, muito alegre e gozador. Acontece que ele tinha um freguês muito frequente, conhecido como Cabralinho e a história que eu vou contar, começa e termina com ele.
Cabralinho era um homem de meia idade e baixinho, quando bebia, ficava muito tonto, mas nunca caía.
Pois bem, tudo começou numa noite muito escura. Meu tio, do balcão, virou pro Cabralinho e disse, num tom sério, querendo rir, Cabralinho, tenho aqui um dinheiro e ele é todo seu, se você tiver a coragem de ir lá no cemitério agora, buscar um osso ou o crânio de uma caveira, que estão no forno. 
Já bem calibrado, Cabralinho respondeu, Uai, é pra já! Pode deixá que eu vou buscá esse osso! Falando isso tomou mais um gole e saiu correndo como um louco e já era quase meia-noite. 
É bom lembrar que o cemitério era longe, tinha que subir um caminho longo que dava até no morro, onde estavam a igreja e o cemitério atrás dela.
Meu tio, Quirino, era um homem que tudo que fazia, ele preparava antes. Vendo o Cabralinho sair, ele pegou um lençol branco, que estava de baixo do balcão e partiu atrás, indo por um atalho, que poucos conheciam. Chegando  primeiro, rapidamente se enrolou no lençol e ficou esperando atrás de um túmulo.
Quando Cabralinho chegou cansado, tinha uma luazinha que ajudava clarear muito pouco. Pois é, quando ele aproximou de um  forno, lugar onde ficavam ossos desenterrados pra dar lugar a outros na sepultura, ele ouviu uma voz cavernosa, porque o meu tio era bom nisso, Cabralinho, não mexe em nada!!!
Acontece que o Cabralinho não se assustava facilmente e continuava a pegar os ossos. Cada um que pegava, ele ouvia, Não, este aí é da minha avó!!!, este é do meu avô!!!, este é do meu pai!!!, este é da minha mãe!!!. Mesmo assim ele continuava e quando pegou o último osso, meu tio se levantou atrás do túmulo e como um fantasma, berrou, Este osso é meu!!!, este osso é meu!!!  Cabralinho, vendo aquilo, ficou tão assustado, que saiu do cemitério, como um foguete, com o osso agarrado no peito. 
Como já disse que o meu tio conhecia um atalho, chegou bem na frente e, calmamente, foi pro balcão. E foi neste exato momento,  que Cabralinho apareceu, com o coração na boca e, sem desconfiar de nada, jogou o osso no balcão e falou, Taí o osso que você queria, me dá meu dinheiro pra cá! O pessoal não acreditava no que via, o osso estava realmente encima do balcão. 
É bom lembrar que esta história foi contada muitas vezes em Conceição e em Recreio. Mas, por causa dela, surgiu uma grande pergunta, Quem teve a coragem de levar o osso de volta pro cemitério?.

Nota, Meu pai contava muitas histórias e esta é mais uma delas, que encontrei na página 4, do fanzine, Mar de Morros, nº 40, de Novembro de 2002. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Histórias do Dono do Café Sto. Antônio, por Antônio Hygino de Freitas


Os nomes desta história verídica são fictícios, como uma forma de respeito às famílias, porque trata-se de jovens, gente boa, mas baderneiros, que quando bebiam, gostavam de atirar nas árvores, e nos botequins, pra cima, furando o teto de balas, como no Velho Oeste.
Eles eram cinco, José, Ricardo, Renato, Francisco e João, cada um trazia a sua arma na cintura.
Pois é, eu tinha o meu estabelecimento na Rua Conceição, onde eu vendia cachaça, cerveja, refrigerantes, além de um tira-gosto muito cobiçado, pão de sal com pernil de porco. 
Pois é, esta turma eu já conhecia muito bem, desde quando eu trabalhava no Bar Oriente. 
Eu me lembro que uma vez, eles criaram uma confusão do diabo, neste bar famoso de Recreio, e eu tive que pular pra debaixo do balcão, pra não levar um tiro. Foi realmente um faroeste. Acontece que eles não atiravam em ninguém, mas do jeito que estavam bêbados, eu poderia levar um tiro. 
Naquela época, década de quarenta, o Castrinho, cujo nome não é fictício, vendia armas de fogo, que ficavam expostas na vitrine da sua loja, pois não eram proibidas, qualquer um podia comprar uma, desde que tivesse dinheiro.
Pois bem, acontece que eu saí do Bar Oriente e montei um botequim, que tinha espaço pra duas mesas e um reservado, onde ficavam pessoas bebendo escondido.
Já esta turma do barulho, era completamente diferente, gostava de ficar bebendo sob os olhares de quem passava na calçada.
Quando montei o meu negócio, não deu outra, a turma apareceu para inaugurar, e, assim que eles entraram, reuni toda a coragem que tinha e fui logo falando, Sejam bem vindos, mas, por favor, não repitam aqui o que fizeram no Bar Oriente. 
Enquanto falava, eles foram se acomodando nas mesas e o mais calmo respondeu, Não, seu Antônio Hygino, viemos em paz e estamos aqui só pra beber.
Conversa vai, conversa vem, e põe cerveja nisso, de repente, um deles sacou da arma e apontou para o companheiro, que fez a mesma coisa, pensei comigo, é hoje!, foi aí, que vi ambos atirando pra cima e lá se foi o meu teto de esteira com dois furos de bala. A partir daí, foi uma algazarra tremenda, aquilo fora combinado, todavia eu levei um susto tão grande que gritei com eles pra não continuarem deste jeito. 
Deste modo, por incrível que pareça, eles ficaram quietos e pediram mil desculpas, prometendo reparar os danos, porque o chão estava repleto de cacos de vidro das garrafas.
Depois de um bom tempo, eles apareceram de novo, só que desta vez, cada um me entregou a sua arma pra eu guardar. 
E com este costume correto, que perdurou por muitos anos, eu não tive mais trabalho com eles.

Nota, História extraída do fanzine, Mar de Morros, nº 39, de outubro de 2002, página 11.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A Procissão das Almas.


Aconteceu em Mariana-MG, um fato muito curioso, ou seja, a procissão das almas. Tudo começou com uma senhora bastante devota, que tinha o costume de ficar na janela de sua casa, olhando a rua deserta, com o terço nas mãos, todas as noites. Numa noite dessas, ela resolveu ficar mais tempo do que era de costume e a rua estava muito escura, porque não tinha lua e naquela época, a iluminação era a base de lampiões, em postes distantes uns dos outros. Pois bem, nessa noite, de repente, ela viu um grupo de pessoas emergindo do escuro, entrando na sua rua e passando tal como uma procissão na frente de sua janela. Ela se assustou muito com o que via, porque nenhum sino das igrejas tinha anunciado tal ato religioso e ela não conseguia reconhecer ninguém daquela estranha procissão, estavam todos de capuz com uma roupa longa branca, que cobria todo o corpo. Era realmente uma visão do outro mundo, ouvia-se o barulho de correntes sendo arrastadas, matracas, murmúrios horripilantes e todos traziam uma vela acesa nas mãos. Mesmo com muito medo, ela continuou olhando a aterrorizante procissão. Num dado momento, ela notou que um dos passantes saiu do dantesco cortejo e foi até à sua janela e sem nenhuma cerimônia, o estranho ser lhe deu uma vela, dizendo que voltaria para buscá-la. Foi tão rápido que ela não viu o rosto daquela estranha criatura, se é que tinha rosto. Muito assustada, naquela noite teve pesadelos terríveis. No dia seguinte, ao acordar, foi ver a vela e no lugar dela estava um osso humano. Muito apavorada, correu até à igreja mais próxima e contou tudo pro padre que, sem pestanejar, lhe deu o conselho de não contar nada pra ninguém e continuar na janela apreciando a rua. Sendo assim, numa daquelas noites lúgubres, o fantasmagórico cortejo apareceu de novo e dele saiu um indivíduo cadavérico em direção à sua janela e disse com uma voz cavernosa, Vim buscar o que lhe dei e que isto lhe sirva de lição, porque tem coisas que os vivos não podem ver de forma alguma!

Anibal Werneckfreitas, em 21/08/2019.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Antonio Hygino de Freitas - 1915 a 2011 (in memoriam)




Todo 8 de agosto, minha avó, Ana Hygino, aparecia no estabelecimento do meu pai, Antônio Hygino, vinda a pé de Conceição até Recreio. Ela chegava, sentava num banquinho e ficava olhando o seu filho trabalhar. Era um momento de muita ternura, porque a vida é feita de instantes assim. 
Pois é, se o meu pai estivesse aqui com a gente hoje, ele estaria fazendo 104 anos. Mas que remédio, a vida é assim mesmo, tudo passa, assim como vamos passar um dia, disso não tenho a menor dúvida. É por isso que devemos preocupar em curtir o nosso cotidiano.
Portanto, isso não me impede de dar os meus parabéns, porque a morte pra mim, é uma curva na estrada.

Nota, Na foto, meu pai Antônio e minha mãe Wanda.

Anibal Werneckfreitas, em 08/08/2019.

sábado, 3 de agosto de 2019

Brasil,il,il,il !!!


Não devemos nos preocupar com nada, o brasileiro sempre dá um jeitinho. Ao contrário dos outros países, aqui, Comunismo, Capitalismo, Terrorismo, Neoliberalismo, Catolicismo, Protestantismo, Espiritismo, Budismo, Nazismo, Integralismo, Fascismo e outros ismos, nada dá certo na sua integridade, porque o brasileiro assimila tudo e devolve na sua tradução de devagar, devagarinho. É bom que os Governos saibam disso e parem de achar que estão governando. Foi assim durante o Império que não houve, da República que surgiu dum dia pro outro, através de um golpe militar, aliás, golpe militar nunca deu certo, veja o de 64, acabou porque viu que o brasileiro não estava nem aí, sem mencionar aqueles que o negam. Quando o brasileiro diz que acredita em alguma coisa, algo errado está acontecendo, porque brasileiro que é brasileiro não acredita tanto assim. Veja bem, até a classe pobre dá um jeitinho de conviver com a rica, ou seja, não criando problemas pra ela, aceitando sabiamente a sua situação. Agora, não sei se isso é bom, mas uma coisa é certa, o Brasil jamais teria uma Guerra de Secessão, como a dos Estados Unidos, no século XIX. Digo isso porque, se o Sul quiser se separar do Brasil, o Sudeste, o Nordeste, o Norte e o Centro-oeste vão dar o maior apoio à causa separatista se ajuntando a ela. Deste modo, inteligentemente, o brasileiro deixa como está pra evitar a fadiga. Agora, tem mais, seja qual for o Governo, não adianta implantar nada, porque não será levado a sério como tudo neste país. 
Concluindo, é melhor deixar do jeito que está, porque nada vai dar certo mesmo, acredite! [saber salva]

Anibal Werneckfreitas, em 02/08/2019.

VENTO SUAVE (Lenira, Armando e Anibal)