sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A BENZEDEIRA DONA CORINA



Estava meio escuro, um pequeno corredor que dava para dois ou três quartos se descortinava na minha frente, as paredes do cômodo, apenas no tijolo, o teto era de sapé e, de um dos quartos vinha um forte cheiro de fumo. eu, parecia ser ainda uma criança, meio amedrontado decidi ir adiante, ao passar pelo primeiro quarto à minha esquerda vi uma preta velha envolta na fumaça do seu cachimbo, neste exato momento acordei assustado e assim, comecei a refletir sobre o sonho, voltei lá na minha infância e imediatamente descobri o porquê, a preta velha era a dona Corina, uma benzedeira muito famosa na minha pequena terra natal, recreio, de onze mil almas. naquela época, os pais tinham o costume de levar seus filhos pra ela benzer de, mal - olhado, de espinhela-caída, enfim, de tudo que era ruim, então, isto ficou em mim e veio à tona quando estava dormindo. se não estamos na vigília, nossa mente fica à mercê de outra via, via esta, que foge ao nosso controle.
Pois bem, esta dona Corina viveu 100 anos, mulher simples, morava fora do perímetro urbano, conhecia coisas adquiridas dos seus ancestrais africanos, acredito que sua longevidade não foi à - toa, sabia de segredos que morreram com ela ou talvez, não os pudesse revelar para não quebrar o encanto. Pra mim, uma pessoa protegida pelos seus orixás, com certeza, dentro do seu calado, os servia em prol do bem, e sem cobrar um tostão.

Deste modo, assim como a Igreja canoniza seus santos, eu, particularmente, a canonizo minha Santa Corina.
Anibal Werneck de Freitas.

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