domingo, 16 de janeiro de 2022

DE COMO A FONTE DA INVENTIVIDADE RESOLVEU O PROBLEMA DO SEU SEBASTIÃO, ENCONTRAR A FONTE DA JUVENTUDE, ATRAVÉS DO SEU NETO.




O tempo passou, passou, passou, até que ele se arrependeu de ter ficado velho. E desta vez não havia volta. Mas ele queria ficar novo o resto da vida. Pior ainda. Queria morrer como um jovem, mas por tempo vivido, ou seja, de velhice. O problema é que morrer “idoso novo”, é impossível. A não ser que conseguisse morrer de velhice precoce, ou melhor, precoce velhice. Chamavam-no de Seu Bastião. Teve uma vida sedentária. Não gostava de fazer esforço para evitar a fadiga e as rugas. Pintava os cabelos desde os seus 21 anos. Não conseguia se conformar com os cabelos prematuramente desbotados. Sonhava aparentar jovem quando morto. Era daqueles tipos sinistros e tranquilos, que matariam uma tartaruga a beliscão. Nunca brigava ou sequer levantava a voz a quem quer que fosse. Falava muito pouco quase o tempo inteiro. Mas também, falava o tempo inteiro muito pouco. Não havia motivos que lhe tirassem a paciência.
Sua esposa, com quem teve uma filha, “abotoou a casaca” há 27 anos, num desastre de trânsito. Desde então, sentia-se melancólico, entristecido, por não ter alguém que o confortasse, que o amparasse, por não poder parar de envelhecer. Só, ele passava praticamente trancafiado em sua casa, ouvindo em sua velha vitrola os antigos sucessos de seus tempos de mocidade. Mas acreditava que havia uma maneira de morrer sem se parecer velho. Já estava com os seus 82 anos. Sua expressão engelhada o atormentava dia a dia. Pensou em ser vampiro, mas nunca encontrou um para mordê-lo. Assistiu Highlander e se animou, mas era ficção. Quando começou a se preocupar com a velhice eminente, desejou “parar no tempo” e ser como o garoto Peter Pan, mas percebeu que seu desejo estava tão distante quanto a “Terra do Nunca”. É! No fundo sabia que não havia saída! Pensou também em se congelar, quando ainda novo, mas como iria morrer jovem-velho se estivesse congelado. Não iria ao menos viver para finar-se. Plástica não funcionaria, pois queria alcançar seu sonho naturalmente. E passavam as horas, os dias, os meses e os anos, e ele foi se arrependendo mais e mais.
Num domingo nuvioso, enquanto voltava para sua casa levando o jornal que acabara de comprar, “bateu”, distraído, numa ‘bela coroa” e se apaixonou instantaneamente. Foi paixão à segunda vista (a primeira foi pela esposa falecida). Ela era realmente muito bonita, e para o seu espanto estava com 62 anos, porém, não aparentava sua experiência. Casou-se com ela no segundo encontro, afinal, como ele mesmo afirmara, “não havia tempo a perder”. Viveu com ela por longos 20 anos – pelo visto houve tempo de sobra – até que chegou o momento dela o deixar. Novamente, Seu Bastão se viu abandonado e ainda mais velho. Estava agora com 102 anos. E passava todo o tempo pensando em como deixaria a vida para enfim morrer jovem estando velho.
Seu neto, muito criativo e sempre preocupado com o avô, numa de suas frequentes visitas chegou animado dizendo ter encontrado a solução para a sua velhice: “Vô, encontrei a fonte da juventude!”. Cansado e já sem expectativas de alcançar seu, até o momento, inalcançável sonho, resolver seguir o neto, pois não teria nada a perder mesmo.
O neto então o levou até o local, com o intuito de fazer com que Seu Bastião apenas se divertisse um pouco pescando com ele. Chegando lá, o velho se viu num belo descampado cujo centro era ocupado por um pequeno lago. Pensou: “Então esta é a fonte da juventude”. Repentinamente foi tirando a roupa, e aproveitando a distração do neto jogou-se no lago e começou a afundar. Naquele momento, percebeu finalmente que seu neto “acertara na mosca” quando afirmara que era a “fonte da juventude”. Morreu como uma criança que ainda não sabe nadar.

NOTA: Filipi teve como tutor para esta estória, Zé do Caixão, e só nadava na parte rasa das piscinas infantis.

Filipi Machado Werneck de Freitas, em 16.01.2022







DE COMO O DONO DO CAFÉ STO. ANTÔNIO GOSTAVA DE CONTAR SUAS HISTÓRIAS INCRÍVEIS DOS VELHOS TEMPOS DE RECREIO-MG.



Os nomes desta história verídica são fictícios, como uma forma de respeito às famílias, porque trata-se de jovens, gente boa, mas baderneiros, que quando bebiam, gostavam de atirar nas árvores, e nos botequins, pra cima, furando o teto de balas, como no Velho Oeste.
Eles eram cinco, José, Ricardo, Renato, Francisco e João, cada um trazia a sua arma na cintura.
Pois é, eu tinha o meu estabelecimento na Rua Conceição, onde eu vendia cachaça, cerveja, refrigerantes, além de um tira-gosto muito cobiçado, pão de sal com pernil de porco.
Pois é, esta turma eu já conhecia muito bem, desde quando eu trabalhava no Bar Oriente.
Eu me lembro que uma vez, eles criaram uma confusão do diabo, neste bar famoso de Recreio, e eu tive que pular pra debaixo do balcão, pra não levar um tiro. Foi realmente um faroeste. Acontece que eles não atiravam em ninguém, mas do jeito que estavam bêbados, eu poderia levar um tiro.
Naquela época, década de quarenta, o Castrinho, cujo nome não é fictício, vendia armas de fogo, que ficavam expostas na vitrine da sua loja, pois não eram proibidas, qualquer um podia comprar uma, desde que tivesse dinheiro.
Pois bem, acontece que eu saí do Bar Oriente e montei um botequim, que tinha espaço pra duas mesas e um reservado, onde ficavam pessoas bebendo escondido.
Já esta turma do barulho, era completamente diferente, gostava de ficar bebendo sob os olhares de quem passava na calçada.
Quando montei o meu negócio, não deu outra, a turma apareceu para inaugurar, e, assim que eles entraram, reuni toda a coragem que tinha e fui logo falando, Sejam bem vindos, mas, por favor, não repitam aqui o que fizeram no Bar Oriente.
Enquanto falava, eles foram se acomodando nas mesas e o mais calmo respondeu, Não, seu Antônio Hygino, viemos em paz e estamos aqui só pra beber.
Conversa vai, conversa vem, e põe cerveja nisso, de repente, um deles sacou da arma e apontou para o companheiro, que fez a mesma coisa, pensei comigo, é hoje!, foi aí, que vi ambos atirando pra cima e lá se foi o meu teto de esteira com dois furos de bala. A partir daí, foi uma algazarra tremenda, aquilo fora combinado, todavia eu levei um susto tão grande que gritei com eles pra não continuarem deste jeito.
Deste modo, por incrível que pareça, eles ficaram quietos e pediram mil desculpas, prometendo reparar os danos, porque o chão estava repleto de cacos de vidro das garrafas.
Depois de um bom tempo, eles apareceram de novo, só que desta vez, cada um me entregou a sua arma pra eu guardar.
E com este costume correto, que perdurou por muitos anos, eu não tive mais trabalho com eles.

NOTA: História extraída do fanzine, Mar de Morros, nº 39, de outubro de 2002, página 11.

Antônio Hygino de Freitas.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

É REALMENTE MUITO TRISTE


É realmente muito triste. A nossa geração que prometia tanto tá aí igualzinho à dos nossos pais. É só abrir o You Tube pra ver. Infelizmente estamos vivendo uma Ditadura Inteligente. Colocaram um palhaço na Presidência pra desviar o foco do povo em relação ao que está acontecendo. O problema maior é que até a Mídia faz o jogo dele dando uma atenção muito grande às suas palhaçadas. Tomar atitude mesmo não toma. Parece até que está conivente com este desgoverno. Isto sem levar em conta as músicas ridículas que fazem sucesso hoje. Elas vêm tornando os jovens cada vez mais burros. As músicas questionadoras dum Vandré não se ouvem mais. Dando assim coragem pra muita gente externar sua ignorância através do apoio à ditadores e torturadores. Estamos na verdade deixando um mundo muito ruim para os nossos filhos e netos. E é culpa nossa!

Anibal, em 07.01.2022

sábado, 1 de janeiro de 2022

PARABÉNS, FILIPI, PELO SEU ANIVERSÁRIO!

 


Meu filho, Filipi, que esta data natalícia lhe seja o início de uma nova vida, cheia de muitas conquistas e de muita luz, pra continuar iluminando o seu caminho, junto de sua esposa Giselle. Sendo assim, nossos parabéns, e continue sempre na luta como um grande guerreiro.

São os votos do seu pai, sua mãe e dos seus irmãos, em 01.01.2022


VENTO SUAVE (Lenira, Armando e Anibal)