segunda-feira, 29 de março de 2021
MURILO SIQUEIRA WERNECK - 4 ANINHOS - PARABÉNS!
Nosso querido netinho Murilo está fazendo 4 aninhos hoje, travesso como ele só, nos transmite uma alegria pura e singela, na verdade, um anjinho sem asas que se descortina à nossa frente, sempre sorridente e brincalhão, um bebezão que ainda chupa bico e toma leite na mamadeira com muito gosto, que está sempre brigando e abraçando o seu irmãozinho Saulo mais velho dois anos, enfim, nossa maior alegria que nos apaixona a todo momento, nosso garoto da vez. Sendo assim, Murilo, nossos
parabéns
e que continue assim sempre espontâneo, sempre com os seus olhos grandes, cheios de vida e carinho.
sábado, 27 de março de 2021
DE COMO A DONA JANDIRA VIU UMA PROCISSÃO DOS MORTOS, PASSANDO EM FRENTE À SUA CASA, NUM PEQUENO LUGAREJO, ONDE MORAVA, EM PLENA MADRUGADA DO FINAL DO SÉCULO XIX.
no final do século XIX, numa pequena localidade, perdida neste imenso brasil, aconteceu um caso bastante fantasmagórico, 'a procissão dos mortos', vamos a ele:
dona jandira, uma senhora já idosa, gostava muito de ficar na janela de sua casa, tomando conta da vida de todo mundo, até altas horas da noite.
no lugarejo, onde morava, era costume as pessoas se recolherem a partir das dez horas da noite, deixando assim as ruas totalmente desertas.
sendo assim, a dona jandira não respeitava as pessoas e nem o costume, e ficava no seu posto até o início da madrugada, ignorando as advertências das pessoas de que ela corria um grande perigo.
A rua da dona jandira era comprida, e nela havia algumas casas, a igreja e o cemitério.
então, certa noite sem luar, depois das doze horas,
esta senhora, muito curiosa e bisbilhoteira da vida alheia, viu uma estranha e silenciosa procissão, com velas
acesas, se descortinando à sua frente e, meio assustada, ela estranhou o
horário do cortejo e o silêncio dos sinos da igreja, mas mesmo assim, continuou
observando o evento inesperado, notando que as vestes daquelas pessoas
estranhas eram pretas, envolvendo todo o corpo e ostentando um capuz que cobria
toda a cabeça, não dando assim para identificar ninguém.
era uma madrugada de puro breu, de repente, ela viu um vulto
se deslocando da estranha procissão, vindo em sua direção, sem deixar ver o rosto, e se aproximando dela, lhe
entregou um objeto que parecia ser uma vela apagada: “guarde isto, não
conte nada pra ninguém o que você está vendo, porque amanhã, neste exato momento, voltarei para
pegá-lo” e, deste modo, se misturou rapidamente aos demais passantes.
apesar de intrometida, dona jandira era corajosa, todavia, ficou bastante
assustada, fechou a janela, colocou a ‘coisa’, que recebeu da enigmática entidade, sobre a cômoda e, cansada, pegou
no sono.
no dia seguinte, ela achou que tudo não passava de
um pesadelo, no entanto, foi até à cômoda para averiguar e viu um osso humano,
no lugar do que lhe parecia ser uma vela.
já com o horror estampado na sua face, a idosa lembrou que
o homem esquisito iria voltar, e, deste modo, pegou o terço e começou a rezar
freneticamente, passando o dia todo sem comer sem beber e, apesar de corajosa, tremia dos pés à
cabeça, e assim ficou até o momento da hora sinistra, quando ouviu três batidas na sua porta.
completamente desnorteada, sem saber o que poderia
acontecer com ela, abriu abruptamente a porta e rapidamente entregou o osso ao
visitante macabro que, ao pegá-lo, num passe de mágica, se transformou em uma vela
acesa, clareando assim, o seu rosto cadavérico que, desta forma horrível, a aconselhou: “isto é pra
você aprender a não falar mal dos outros, perturbando a paz até dos mortos,
e tem mais, agora você está na obrigação de contar esta história, como exemplo, pra toda a gente deste povoado!”, após
dizer isto, com muita ênfase, o misterioso ser sumiu na intensa escuridão.
anibal werneckfreitas, jf, 28.03.2021.
anibalwerneck@gmail.com
sexta-feira, 26 de março de 2021
DE COMO UMA MULHER PERVERSA SE TRANSFORMOU NUMA COBRA SURUCUTINGA NO SEU TÚMULO EM CONCEIÇÃO DA BOA VISTA.
uma mulher diabólica tinha um ciúme mortal do marido, um fazendeiro de muitas terras, lá pras bandas de conceição da boa vista.
pois bem, tudo começou quando essa mulher cismou que uma escrava muito bonita estava chamando a atenção do seu senhor e, acostumada a mandar açoitar escravos fujões no tronco com muitas chibatadas, pensou logo em lhe fazer mal: "essa escrava maldita não vai me fazer de boba, vou vigiá-la o tempo todo", e assim, por mais que a vigiasse, nunca descobriu nada, e isso a deixava mais irritada.
certo dia, essa escrava teve um filho, foi o estopim: "isso não vai ficar assim, essa criança só pode ser do meu marido, vou dar um jeito nisso agora!", deste modo, descontrolada, com muita raiva, aproveitando a ausência da mãe, que estava trabalhando na cozinha num dia em que tinha muita gente na fazenda, sufocou o recém nascido e, iludindo a vigilância dos presentes, meteu o corpinho da criança no braseiro do forno, onde se conservou até que o fogo destruísse os últimos vestígios de seu crime.
infelizmente, naquela época, o escravo era como um cachorro, podia ser morto pelo seu senhor e ficar tudo por isso mesmo, a bem da verdade, o negro era considerado um ser que não tinha alma e, a igreja por sua vez, fazia 'vista grossa' à tal barbaridade pra não entrar em conflito com os fazendeiros ignorantes.
como tudo na vida, o tempo passou e quando essa odiada mulher morreu, salvo a família, quase ninguém foi ao seu enterro.
acontece que depois de alguns anos, seu túmulo fendeu-se, e, por uma dessas fissuras, penetrou uma enorme surucutinga que se acomodou nele.
a esse fato, atribuíram fazendeiros e escravos das redondezas, ter a mulher, pela sua maldade, se transformada numa assustadora mulher-cobra, assim como nos conta o seu francisquinho: "pra ela não sair e assustar as pessoas, seu túmulo foi cercado por uma corrente para isolar coisas do outro mundo, mentira ou não, até hoje muita gente supersticiosa tem medo dela quebrar a corrente e sair assombrando o povoado".
nota: dados do texto, colhidos por celso lourenço, no livro, 'sertões dos puris', de heitor de bustamante.
vídeo: música, 'conceição assombração' (anibal wf.)
anibalwerneck@gmail.com
sábado, 20 de março de 2021
de como conheci a minha saudosa avó paterna, ana hygino de freitas.
nos anos 50, em todo 8 de agosto, minha avó ana acordava sempre bem cedinho: "hoje é o aniversário do meu filho antônio, é a data real do seu nascimento, que infelizmente o meu marido francisco registrou no dia 15".
minha avó morava perto da capelinha, que existe até hoje na pracinha, em conceição da boa vista, onde tinha na ocasião um pequeno negócio, além da venda do mel oriundo da sua considerável colmeia, tanto assim, que uma vez me alertou: "filho, não faça muito movimento brusco, pode irritar as abelhas e aí você já sabe o que pode acontecer!".
então, voltando ao primeiro parágrafo, ao sair pra recreio, minha avó pegava sua inseparável sombrinha, subia uma rua íngreme até a igreja, no alto do morro, e sozinha enfrentava a pé uma estrada de cinco quilômetros.
enquanto caminhava, segundo ela, cogitava: "antônio é o meu filho mais velho, foi o primeiro a sair de casa pra me ajudar a criar os irmãos, perdi o meu marido francisco muito cedo, tinha alma de seresteiro, gostava de cantar e tocar violão, deus sabe o que faz, que ele o tenha".
quando o sol começava a esquentar, ela abria a sombrinha e com passos firmes prosseguia a sua trajetória até na entrada de recreio, onde parava pra descansar e, em seguida, retomar a caminhada até a casa do filho na rua conceição.
meu pai tinha um estabelecimento comercial, conhecido por 'café sto. antônio', estava sempre cheio de fregueses, principalmente de conceição e de barreiros, sendo os que não tinham charrete ou cavalo, vinham no caminhão do agostinho e os mais abastados no ford 29 do andrezinho.
desta feita, minha avó ana chegava no estabelecimento do meu pai, não se anunciava, ficava sentada num cantinho do cômodo, numa paciência de jó, vendo o seu filho trabalhando no balcão, esperando a hora de poder se levantar e dar os seus parabéns, era o momento em que minha mãe wanda tomava conhecimento da sua presença, porque estava, o tempo todo na cozinha, fazendo doces e salgados.
minha avó era desse jeito, tinha os seus princípios, não gostava de ser contrariada nas suas decisões, meu pai tentava mudar esse seu comportamento, todavia, em vão, ela só aceitava ajuda na sua volta pra casa, à noitinha.
nota: a música do vídeo, 'quand'eu morrer', era muito cantada pelo meu avô francisco, eu a gravei, graças à minha prima, odete moreira, que a resgatou.
anibal werneck de freitas,
jf, 20.03.2021
quinta-feira, 18 de março de 2021
DONA LÍBIA
Dona Líbia Tomasco nasceu em Recreio-MG., no dia 14 de fevereiro de 1922, filha de Antônio Tomasco e Grázia Cardoni Tomasco, uma família numerosa, tendo como irmãos, Carmelita, Itália, Aurélio, Letícia, Yolanda, Maria, Humberto e Renato, de pais italianos, cujos filhos foram registrados somente com o sobrenome do pai, ou seja, Tomasco.
Dona Líbia, como gosta de ser chamada, teve uma infância feliz, cresceu, e casou-se com o Joaquim, fármaco prático, vindo de outra cidade, após dois anos de namoro, no dia 20 de novembro de 1942, e deste enlace nasceram, Ricardo, Raquel, Evandro, Ronaldo e a temporona, Eveline, quando já estava com 42 anos.
Em relação aos netos, Dona Líbia delineou: "Marcelo, Leonardo e Juliana do Ricardo, Luís Otávio, Graziela e Fernanda da Raquel e os bisnetos, Manuela, Maria Luísa e agora um menininho, filho da Juliana, o primeiro bisneto".
Perguntada sobre a sua vida estudantil, respondeu: "Fiz o primário no Grupo Escolar Olavo Bilac, e com 11 anos eu já estava estudando em Leopoldina-MG., no Colégio Imaculada, naquela época eram dois anos de adaptação e três normais, onde fiquei no internato".
Sobre o harmônio que tocava na igreja católica, disse: "Na verdade, eu estudei 5 anos de piano, mas depois que o meu pai morreu, passei a tocar o harmônio da matriz, que é praticamente a mesma coisa".
A respeito do 'Empório Tomasco' do seu pai, ela fez questão de contar a história: "Chegando ao Brasil, meu pai estava destinado a São Paulo, mas aí acabou vindo para Recreio, agora deixe eu contar uma história sobre este 'Empório Tomasco'. Meu pai tinha um sócio, aí ele teve que ir para a Itália para se casar com a minha mãe. E assim ele deixou o sócio tomando conta. Quando ele voltou pra Recreio, minha mãe e minha irmã Carmelita vieram com ele. A viagem demorava três meses, pois bem, quando ele chegou em Recreio, não tinha mais nada, o sócio roubou tudo dele, a loja ficou, mas o estoque foi todo com o sócio. E assim, meu pai começou do nada, fez muita coisa, tinha máquina de arroz e até refinação de açúcar. O interessante é que a primeira luz elétrica em Recreio foi na nossa casa, no registro meu pai é o número 1. Meu pai foi um herói e ainda deixou muita coisa pra sua família quando morreu, meu pai morreu com 60 anos e eu tinha 10 anos. Os negócios do meu pai continuaram com o Humberto, que trabalhava com ele e que continuou com a máquina de arroz que passou a ser dele depois".
Dona Líbia começou a trabalhar no magistério em 1939, ano em que Recreio passou a ser cidade, no Grupo Escolar Olavo Bilac. Ainda muito jovem, foi apontada pelo partido majoritário na cidade, PSD, pra ser a diretora do 'Olavo Bilac', a princípio relutou, porque as professoras eram mais velhas que ela, mas a própria diretora Dona Lourdes a incentivou pelo fato dela ser muito bem preparada para a exercer o cargo que foi 1950 a 1963, e segundo ela só faltou nos partos, aposentando ao 42 anos de idade. Durante sua gestão, houve um desfile de 7 de setembro de 1958, que ficou famoso na cidade, cujo tema era a 'História do Brasil', desde Cabral até os dias atuais e, quando foi indagada se tinha uma recordação do evento, muito triste, conotou: "Infelizmente, eu só tenho uma foto, a do 'barco do Cabral', naquela época era muito difícil registrar eventos, não era como hoje com o advento da internet".
E olhando pra gente que a estava entrevistando, completou: "Eu me lembro do Marcelo representando o D. Pedro I e de vocês, também. Esta ideia grandiosa surgiu de uma reunião que fizemos, cada uma dava a sua opinião do que gostava, como a Graciema, a Cacilda e outras que não me lembro. A menina do Henrique Zamanha, a Maria do Carmo, por exemplo, além de boa professora, gostava de organizar festas, e então chamou o Seu Nazaré para ajudar no desfile e assim, ele se mostrou um ótimo colaborador, ajudando muito mesmo. E deste jeito, os carros alegóricos foram montados no quintal enorme do Seu Henrique Zamanha, no alto da igreja. Como diretora dei todo o meu apoio, todavia, aconteceu algo terrível, o filme do desfile simplesmente desapareceu, até hoje não me conformo com isso!"
A música sempre foi muito presente na vida da Dona Líbia, sendo assim, ela exprimiu: "Eu comecei com um coral de meninas dos 8 aos 9 anos de idade, eu me recordo da Édna, da Elda e da Marluce, filhas do Seu Nogueira e, também, da Lenira Peres, eu acompanhava o coral no harmônio. Depois disso, eu e o Celino no violino, passamos a acompanhar o coral de adultos da igreja, nas cerimônias religiosas, nas missas de domingo e nos casamentos. Foi um tempo maravilhoso, apoiado pelo Pe. Celso Campos Sales. Nosso repertório era a 'Ave Maria' em latim, a 'Marcha Nupcial' e outras do gênero. As cantoras do coral eram, a Nadir, a Nair, a Niva do Dedé da Carcacena, a Aparecida Lucas, com uma voz muito bonita, filha do grande Maestro Zé Lucas e finalmente, a Tereza do Juca André. Infelizmente, com a mudança do pároco, o coral não foi adiante".
Já no finalzinho da entrevista, ela complementou: "meu marido, o Joaquim, era fármaco num Recreio que só tinha o médico Dr. Darcy e, por isso mesmo, ele ia além dos seus conhecimentos, salvando vidas como a do Sérgio, da Dona Rita do Bitão, que não melhorava com os medicamentos do Dr. Darcy e, também, a do Seu Caminha, que tomou um tombo enorme do seu caminhão. Sabe como são as coisas, meu marido, diabético, teve de ser internado em Juiz de Fora e deste modo, mudei-me pra cá, onde meus filhos tinham mais condições de estudar.
NOTA: Os dados deste texto-entrevista estão nas páginas 6, 7, 8 e 9, do fanzine Mar de Morros, nº 106, julho-agosto de 2009. Seu filho, o Dr. Evandro, estava presente e nos deu o maior apoio na entrevista.
Anibal Werneck de Freitas, jf, 18.03.2021
domingo, 14 de março de 2021
humano futebol humano (anibal werneckfreitas)
cor da pele, feição física, tipo de cabelo, estatura, costume, língua, credo..., tudo isso são detalhes como os uniformes das equipes, a diferença está apenas no lado estético, como duas casas feitas sob plantas diferentes, só que a função de ambas é idêntica, ou seja, servir de moradia, pois o ato de morar é tudo, é movimento, não importa o tipo de casa, desde que satisfaça à necessidade de proteção do ser humano, porque nessa parte também somos todos iguais.
bendito futebol, que através de um 'tiro de meta' nos faz ver que não somos diferentes na ação, é o campo vital, da bola rolando sobre o verde tapete, da glória do movimento, só não vê quem não quer, o 'drible' da perna sueca não difere em nada da perna nigeriana, a emoção inglesa é a mesma da japonesa, a torcida iraniana se manifesta igual à brasileira, onde está a diferença?, ela está apenas na parte superficial.
bendito futebol, mil vezes bendito, só você mesmo para nos levar à conclusão de que somos desiguais na superfície estática e, infinitamente iguais no âmago do movimento, cujo movimento chamamos de vida ou humano futebol humano.
anibal werneckfreitas, jf, 14.03.2021
sexta-feira, 12 de março de 2021
hino dos normalistas - 68 (mauro queiroz, gilberto perez e anibal werneck)
"ceio que o livro é mais forte que o canhão na força da educação".
quinta-feira, 11 de março de 2021
sempre me lembro da igreja vestida de roxo
sempre me lembro da igreja vestida de roxo, da tristeza fria no templo, do calor do sol lá fora, das pessoas entrando, rezando e saindo num silêncio sepulcral, dos mais velhos falando da quaresma, de jesus enfrentando o diabo no deserto, do mundo à mercê das forças do mal, da mula sem cabeça e do lobisomem soltos na noite assombrando a criançada, dos adultos explorando tal situação pra impor respeito, do são josé com o menino deus no colo, da nossa senhora e de todos os santos cobertos de roxo, do mundo que parecia ter parado na minha pequena recreio, dos sinos que não se manifestavam, do padre cuidando só do inadiável, dos 40 dias tristes e ameaçadores que custavam passar, sempre me lembro da igreja vestida de roxo e da vitória de cristo sobre o demônio.
anibal werneck, 11.03.2021
quarta-feira, 10 de março de 2021
domingo, 7 de março de 2021
dona íris coimbra de almeida (1928-2018)
sempre sorridente, dona íris me recebeu em sua casa, frente à dos meus pais, na rua conceição, numa manhã fria de segunda feira, bem cedinho, do dia 10 de maio de 2010, em recreio(mg), para uma entrevista cogitada pelo fanzine, mar de morros.
vinda de uma família numerosa, e sendo a mais velha, foi logo citando os seus irmãos na devida ordem: 'iolanda, josé, aracy, jairo, roberto, fernando, antônio márcio, heloísa e helena' e em seguida: 'a lenira e a ruth morreram precocemente'.
dona íris nasceu em 12 de novembro de 1928. teve uma infância muito feliz, e recreio ainda era pequenininho. as ruas onde morou foram, joão perillo, major cristiano magalhães, onde viveu a infância, e finalmene, na rua conceição.
seu pai, o sr. isidoro de almeida coimbra e a sua mãe, isa teixeira coimbra sustentavam a família, através do comércio.
na sua adolescência até a juventude, vivenciou um período difícil, com o avanço do fascismo no mundo até o final da guerra mundial, em 1945.
sobre esta nefasta situação mundial, ela contou: 'o marco maior foi o término da guerra mundial em 1945. durante o conflito, a gente via muitas mães fazendo trabalhos manuais para mandar pros pracinhas. daqui de recreio foi uma turma pra guerra, e quando terminou, em 8 de maio de 45, foi aquele movimento, foi um 'bum' nas ruas, recreio explodiu, foi realmente um acontecimento com música e tudo mais'.
e deste modo, prosseguiu: 'naquela época tinha a banda do maestro josé lucas, a 1º de maio, que animava as ruas da cidade, o carnaval, que as pessoas acham que era melhor do que hoje, mas eu não acredito nisso, tudo evolui, cada coisa tem a sua época, o carnaval, na verdade, se modificou'.
e, deste modo, continuou: 'anibal, veja bem, hoje temos a internet, a garotada adora, no entanto, sua faixa etária não se entusiasmou tanto assim com esta novidade, não é?, não é todo mundo que gosta, agora, esta meninada já entra pra valer!'
assim era a dona íris, aceitava o novo, mas sempre alertava: 'a internet tem um problema muito sério, mete medo, as mães hoje em dia trabalham fora, os filhos ficam sozinhos em casa, todavia, acho que todo problema é superado'.
quando foi questionada na questão educacional no recreio da sua época, respondeu: 'era tudo muito difícil, aos 12 anos comecei a trabalhar na companhia de leiteria leopoldinense, deste modo, trabalhava de dia e estudava à noite. apesar de tudo isso, recreio tinha sempre uma escola, para alunos do noturno, como, o instituto de ensino recreio novo, onde cheguei estudar, na verdade, recreio nunca ficou sem escola, os meninos que estudavam fora, lecionavam à noite, e rindo, confessou: 'eu já fui aluna do chumbinho'.
sobre o seu casamento com o dr. geraldo damasceno (in memoriam), relatou: 'eu me casei com o chumbinho muito cedo, com 24 anos já tinha 5 filhos, coisa da época, a wanda, sua mãe, também teve filhos cedo. você, a terezinha (minha filha), o pedro da edir, o josé dilton da conceição, o solimar da stela, o ruimar da antonieta..., todos filhos de mães novinhas, todos nasceram e cresceram na rua conceição, depois foram pra fora estudar. nesta ocasião, comecei a trabalhar com o chumbinho, no cartório, e, quando ele ficou na prefeitura, eu o substituía legalmente'.
e assim, delineou os filhos, do mais velho ao mais novo: 'terezinha helena, josé heleno, eliana, geraldo, maria do carmo e márcia aparecida'.
durante a entrevista, dona íris ainda comentou com muito humor, os casos engraçados que aconteciam no cartório.
muito atualizada, dona íris lia jornais todos os dias, na sua varanda, e estava sempre a par do que acontecia no brasil e no mundo.
no fim da entrevista, lamentou o passamento da dona nice damasceno: 'a nice não foi uma cunhada que perdi, foi uma irmã, foi muito amiga mesmo. a caminhada que a nice fazia pela manhã, não deixava de passar aqui em casa primeiro, os meus filhos eram também filhos dela. ela me ajudou a criá-los, com todo o carinho, tanto ela, quanto o zaca, seu marido'.
como tudo passa nesta vida, infelizmente, dona íris nos deixou no dia, 17 de março de 2018, aos 89 anos, foi uma vida exemplar, à qual devemos muito e, sendo assim, nosso eterno muito obrigado.
nota: depois da entrevista, ao chegar em casa, minha irmã, ana luísa, aproximou-se de mim e: 'nossa, acabei de sonhar com o chumbinho agora, ele estava muito feliz!'.
sexta-feira, 5 de março de 2021
seu cafrázio
seu cafrázio era um homem muito espirituoso e, como de sempre, falador, na verdade, gostava de brincar com as palavras, emanando alegria o tempo todo.
nas suas sentenças acrescentava constantemente os termos, ora 'num san', ora 'bililão'.
o mais interessante no seu cafrázio era que estava sempre aberto às coisas novas, dava gosto conversar com ele.
certa feita, sentado na sua poltrona, seu cafrázio cantou pra mim, ao seu modo, a música 'por ti', que eu e o sílvio césar fizemos para o repertório dos selenitas, confesso que fiquei boquiaberto vendo ele delinear toda a letra da canção.
realmente, era um homem de uma bondade sem par, por isso mesmo, sua ausência está sempre preenchida pelas boas lembranças, que nos deixou.
janine e antônio carlos, nossos parabéns, pela data natalícia!
o tempo não existe e a data é apenas uma convenção humana, para coordenar o nosso caminho, que é também fictício.
portanto, o que é o caminho, realmente? respondo que é apenas a nossa trajetória neste planeta.
sendo assim, parabéns, meus irmãos, janine e antônio carlos, pela data natalícia, vocês merecem!
são os votos de anibal, alice e filhos.
jf, 05.03.2021
quarta-feira, 3 de março de 2021
JULINHO & DÉLCIO (HOMENAGEM PÓSTUMA)
ainda me lembro muito bem, final dos anos 60, bem cedinho, pegava o meu violão e corria pra casa do seu cafrázio. lá, eu acabava acordando o délcio, o sebastião e o julinho, que dormiam no mesmo quarto, e deste modo, púnhamos a cantar e a tocar os sucessos do então iê, iê, iê!
o interessante é que dias antes, eu falei dele com a minha mulher, alice, ressaltando que ele me chamava de tucanlino, um personagem, criação minha.
anibal werneckfreitas, jf. 04.03.2021
DE COMO A TROMBA D'ÁGUA DE 1948 CEIFOU A VIDA DE MUITA GENTE
pois é, segundo a minha mãe, wanda, muita gente ficou com medo da terrível enchente ir pra recreio-mg., e isto acabou traumatizando, tanto assim que, quando armava um temporal, muitos recreienses corriam pro alto dos morros.
na minha infância, por exemplo, eu me lembro da saudosa dona íris, nervosa, saindo do cartório e no meio da rua conceição, policiando as nuvens escuras, dizendo: meu deus, tomara que esta chuva não seja forte!
segunda-feira, 1 de março de 2021
a máquina de fazer espanhóis (valter hugo mãe)
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Parte 1 O garoto Adonai adorava ir à igreja, antes do Natal, só pra ficar admirando o Presépio, horas afinco. Ele ia sempre de tarde, horá...
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1. oito sinais pra detectar um vampiro de verdade, são eles... 2. primeiro, aquele vampiro que só aparece em sua casa na hora do almoço. 3. ...