sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A FÉ É FILHA DA ARTE


Quando ouço um disco do Milton Nascimento eu fico pensando, como seria o compositor se não existisse a religião que sempre lhe inspirou através da música sacra, digo isso porque o que a gente percebe é que ele não tem uma religiosidade digamos 100%, todavia, sabemos também, que não tem nada a ver uma coisa com a outra, por outro lado eu sinto que existe uma força muito grande provinda do lado arquitetônico das igrejas mineiras e das esculturas dum Aleijadinho ou de um  Atayde, confirmo que aí existe uma energia que faz até um ateu tremer quando entra em contato com as devoções das irmandades que graças a elas muita coisa bonita foi construida na nossa Minas Gerais, Ouro Preto está lá pra dizer que não estou mentindo, até Carlos Drummond que era ateu convicto se sentiu diferente dentro da igrejinha da Nossa Senhora do Ó, a explicação é simples, diante da arte todo homem é vulnerável, ainda mais de uma sagrada, é a força do imponderável que incomoda até o ateu dos ateus, eu, da minha parte, me preocupo apenas com aquilo que está ao alcance dos meus sentidos, o mundo pra mim é só átomo, se existe alma, ela também tem átomos, do contrário não se uniria ao nosso corpo, portanto, a arte sendo algo que contém átomos faz com que a gente sinta algo além do imaginável, daí a razão da grande preocupação da Igreja para com ela que realmente provoca uma sensação surrealista nos fieis que passam a sublimar as figuras dos santos, dos profetas, do próprio Jesus, da Virgem Maria e de Deus, dando assim créditos de que tudo ali exposto existe realmente, continuando, é a extensão necessária que leva o crente ao inatingível, sua ignorância em relação à vida o torna desarmado e assim ele se torna presa fácil na esperança oferecida pela arte de um mundo melhor depois deste, é esta a grande força da religião na cabeça até de alguns intelectuais e cientistas, imagine na cabeça do povão, afirmo até que viajo quando entro numa igreja barroca, é o poder da arte, sem ela o templo se torna um imenso vazio, o que considero até mais justo, as igrejas evangélicas não têm este aparato artístico, mas em compensação usam a música que é também arte, concluindo, sem ela nenhuma religião se realizaria plenamente, esta é a grande verdade.

Anibal.

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VENTO SUAVE (Lenira, Armando e Anibal)