quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

ALICE ANIVERSÁRIO

 

Aqui em casa todo mundo deu pra fazer aniversário em dezembro, desta vez, é o da minha querida ALICE, mãe dos meus filhos, e, sendo assim, pra ela dedico todo meu amor e um feliz Aniversário!

sábado, 24 de dezembro de 2022

ANA ANIVERSÁRIO

 


Mais um aniversário na minha família, ou seja, o da minha irmã, Ana Luísa Werneck de Freitas, a ela os nossos Parabéns e muitos anos de vida.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Ecila Aniversário


Ecila com os pais e os irmãos, parabéns pelo aniversário, que Deus proteja o seu caminho com muita graça e sabedoria, nossos parabéns!

Wanda aniversário


 

 

Minha mãe Wanda Werneck de Freitas com os filhos, fazendo 96 anos hoje, que Deus a proteja por muitos e muitos anos, porque ela merece todo o nosso carinho! Nossos parabéns pela Data Natalícia!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

CAUSOS DA NOSSA GENTE DA ZONA DA MATA MINEIRA - 030






Apresentação, Janine WF.
Narração, Ann-Louise.
Causo, Anibal de Freitas. 
Rádio Web, radianterecreio.net 
[saber salva] 07.12.2021.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

DE COMO A HISTÓRIA É MUITO IMPORTANTE PARA O BEM ESTAR DE UMA NAÇÃO, E, SENDO ASSIM, NÃO VAMOS TROCAR O LIVRO PELO CANHÃO, É PRECISO LER DE TUDO PARA ATINGIR A META DA NOSSA LIBERTAÇÃO.



Na Roma Antiga, os jovens tinham o costume de sair pelas ruas na madrugada fazendo a maior baderna, e quem se encontrava com eles, era agarrado a força e levado de volta para o lugar de onde vinha, os soldados não faziam nada para contê-los, porque eles eram filhos de patrícios, a classe dominante na sociedade. Pois é, esta Desobediência Civil era tolerada pelos senadores romanos, que estavam mais preocupados com as guerras, que segundo eles, era uma maneira de aumentar as riquezas de Roma através de pilhagens, enfim, era a Delenda Cartago! (A destruição de Cartago). Esta Desobediência Civil dos jovens romanos barulhentos continua até hoje nas ocupações em frente aos quartéis do exército por homens e mulheres da Classe Média, impunes, tal como os gladiadores do Panis et Circum (Pão e Circo), dando a própria vida em prol do seu Mito, “Ave Caesar, morituri te salutant! (Salve César, os que vão morrer te saúdam!), levando-nos a concluir que a História continua nos mostrando que se fossem os pobres, o tratamento seria outro, ou seja, expulsos na primeira manifestação, pois a subserviência aos ricos ainda predomina forte, favorecendo assim aos privilegiados se divertirem na Copa 2022 no Qatar, dando o luxo de xingar artistas consagrados do nosso país. Infelizmente estamos vivendo um retrocesso que precisa ser estancado urgentemente, senão seremos a nação mais atrasada do planeta. Onde já se viu trocar o livro pelo canhão que só serve pra trazer a morte, onde já se viu ressuscitar uma Ditadura que destruiu a liberdade do cidadão nos anos de 1964 a 1985, onde já se viu enaltecer carrascos covardes que abusaram em todos os sentidos de suas vítimas, portanto, preste a atenção, você que é a favor do Fascismo, pode acabar virando vítima num engano, acorde!, enquanto é tempo!, você não sabe o que é um Estado Absoluto, eu falo isto porque vivi toda a minha juventude num Brasil Ditatorial, veja bem, o autoritarismo do Governo Militar estava por toda parte. Quando O Festival da Música de Recreio, 1971, promovido pelo, O Jornal de Recreio-MG foi interceptado por uma denúncia anônima, fomos obrigados a levar as letras das músicas até o DOPS de Juiz de Fora MG, onde 8 canções foram censuradas, e, mesmo assim, se não fosse a ajuda do saudoso Prefeito Dr. Geraldo Damasceno (Chumbinho), o Festival não teria se realizado. O Governo Ditatorial tinha olhos por toda parte. Uma vez, no Festival de Música de Pirapetinga-MG, fui obrigado a sair correndo, porque a organizadora do evento me alertou que tinha uns homens querendo me conhecer, por causa da música, Reacionária 2, feita com o meus parceiro Zé Dimas, onde no final da letra sobressaía, Naná povin brasileirin, piquininin, destamanin, coitadin, não tem padrin, tem um bordão no coração, palpitação, agitação, neca de pão e de razão!., e, só pra ter uma ideia, a ditadura infiltrava sua força em todos os lugares, éramos vigiados o tempo todo, e tem mais, quando estudei História na UFJF, eu e meus colegas sabíamos quem era o dedo duro na sala de aula. Uma vez, de repente, o campus da UFJF, foi tomado por soldados com cachorros, porque uns textos em espanhol sobre o Comunismo, da minha turma de História, foram parar no curso de Letras, enfim, a Ditadura age assim, ninguém tem segurança, então, por favor, vamos ler mais, e parar de agredir a Democracia, tá na hora!

NOTA: É importante lembrar que a música REACIONÁRIA 2 (Anibal e Zé Dimas) ganhou o 2º lugar no Festival da Música de Pirapetinga-MG. O vídeo que acompanha este texto tem uma antiga gravação da música, Reacionária 2, no Bar do Maurição, em Recreio-MG.

Anibal Werneck de Freitas, 06.12.2022.

sábado, 19 de novembro de 2022

DE COMO A TURMA DA GARRUCHA E AS BRIGAS DE BOIADEIROS ASSUSTAVAM AS PESSOAS NO BAR ORIENTE, NO CAFÉ STO. ANTÔNIO E NAS RUAS DE RECREIO-MG, NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX.

 



 Este é mais um causo verídico que o meu pai gostava de contar:

“O Tico, o Rafa, o Tiquito e um outro, cujo nome não me lembro, vinham pro Café Sto. Antônio, na Rua Conceição, e começavam a beber. Só bebiam, e não tinha esse negócio de mulheres com eles não, eram só beberrões. Uma vez, eu disse pro Rafa não beber mais do jeito que ele bebia no Bar Oriente, porque agora o estabelecimento era meu. No entanto, ele continuava o mesmo, os colegas zangavam com ele pra não desrespeitar a casa dos outros, mas mesmo assim, ele batia na tecla de sempre. Digo isso, porque quando eu trabalhava no Bar Oriente, ele dava tiros pra cima, e ninguém ficava no balcão, era uma coisa terrível, parecia aqueles salões do Velho Oeste. E como se não bastasse, além dessa Turma da Garrucha, tinha o Silão que vivia enchendo os córneos de cachaça, e implicando o tempo todo com um tal de Arlindo, outro que só bebia água que passarinho não bebe, de modo que isso os levava sempre a uma discussão, que acabava num duelo, com ambos sacando as armas. A sorte é que um não atirava no outro, atiravam pro alto. Se eram combinados a fazer isso, eu não sei, só sei que assustavam todo mundo, parecia coisa de cinema. Não sei se é bom lembrar tudo isso, mas vamos lá. Haviam também brigas por causa de mulher, principalmente entre boiadeiros, que tocavam o gado lá pras bandas de Conceição da Boa Vista, e que sempre chegavam no Bar Oriente, gritando, ‘Me dá uma cerveja aí!’. Felizmente, com esse pessoal, a ordem do dono do bar prevalecia, ‘Olha, nós estamos aqui é pra atender os fregueses, se estão querendo brigar, brigam lá fora, porque já estou fechando o bar!’. E assim encerrava o expediente, todavia, lá fora a briga continuava. O Bar Oriente, por sua vez, tinha o forro sempre furado de balas, estava constantemente sendo consertado. Tanto assim que, até no Café Sto. Antônio, meu estabelecimento, fizeram isso uma vez, mas eu me zanguei com eles, e cheguei a ameaçar dar parte, e, a partir daí, todos tinham que me entregar as garruchas. O Tiquito era o mais calmo, nunca chegou a dar um tiro. Então, como você está vendo, vivi um tempo brabo, que parecia um verdadeiro Faroeste”.

NOTA: Quando eu era menino, eu via armas expostas na vitrine da loja do Castrinho, naquela época qualquer um podia comprar uma, no entanto, é lamentável pensar, que hoje estão querendo um Brasil assim, ou seja, um país retrógado. Agora, é muito triste lembrar: O Rafa, pelo fato de beber muito, morreu atropelado pelo trem, no pontilhão da Rua São Joaquim. Por isso, os nomes verdadeiros do texto foram substituídos pelos fictícios, pra manter a privacidade das famílias.

AWF, 19.11.2022

sábado, 29 de outubro de 2022

É UM MONSTRO?



A imagem que ilustra este texto foi homenageada recebeu uma menção honrosa do Concurso de Fotomicrografia Small World 2022, organizado pela fabricante de câmeras Nikon. Essa aparente monstruosidade é,...

Leia mais em: https://super.abril.com.br/ciencia/foto-de-rosto-de-formiga-vence-premio-de-macrofotografia/

terça-feira, 25 de outubro de 2022

DE COMO UM HOMEM RECEBEU O APELIDO DE CORUJÃO EM RECREIO DAS MINAS GERAIS ANTES DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

 



Quem me contou esta história foi o meu pai Antônio Hygino (in memoriam), afirmando que tudo aconteceu realmente. Como vocês podem perceber, esta mania de contar história vem de longe na minha família. Sendo assim, vamos ouvi-lo: "Quando eu abri um barzinho na rua João Perilo, numa casa antiga com telhas de barro, cujo assoalho era de tábuas corridas, em péssimo estado, conheci o  Dinho, irmão do seu Nino que, além de tocar na Banda de Música da cidade, era ferroviário da Estrada de Ferro Leopoldina. Nessa ocasião, Recreio não tinha calçamento, e eu nem era ainda casado com a Wanda. Foi um tempo em que a Praça Américo Simão, cujo lado esquerdo, pra quem sobe pra igreja, morava o Dr. Darcy, médico louvável, sendo que no lado oposto, ficava o casarão do Celino que existe até hoje, em frente ao Grupo Escolar Olavo Bilac, vizinho do da família Melido que não existe mais. Pois bem, perto desses casarões havia um barranco, que chegava até à linha do trem. Deste modo, com o calçamento da rua, o barranco foi nivelado pela rede ferroviária, para empilhar toras de madeira, pra facilitar o carregamento do trem. Pois é, aí que entra a história  do Corujão. Quando chegava o frio, o Dinho, irmão do seu Nino, vestia uma capa preta, e se empoleirava nas toras empilhadas, onde ficava de cócoras se aquecendo sob a luz do Sol. Devido a isso, as pessoas começaram a parar no meio da rua, pra vê-lo. Sendo assim, um dia, alguém estressado de vê-lo todos os dias dessa maneira, não aguentou, e gritou, Saia da tora, Corujão!!!. Ouvindo isso, todo mundo começou a berrar o mesmo: Saia da tora, Corujão!!!. Foram tantas vezes que não deu outra, o apelido pegou. E quando ele se irritava, o pessoal gritava mais ainda: Saia da tora, Corujão!!!". 

NOTA: Eu gravei o meu pai, Antonio Hygino de Freitas (in memoriam), numa fita K7, contando várias histórias interessantes de um Recreio Antigo. Em breve, teremos mais.

Anibal Werneckfreitas, 24/03/2019.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

DE COMO A MINHA INFÂNCIA VALEU A PENA SER VIVIDA NUM MUNDO PÓS GUERRA QUE PROMETIA UM FUTURO MELHOR.

 


 

Minha avó Luíza acordava às seis da manhã pra assistir a Missa das Sete, minha tia Cidinha trabalhava no escritório da Casa Paroquial, e dava aulas de Catecismo, quanto ao meu pai Antônio Hygino, abria cedo o seu estabelecimento pra comprar pão do Antônio, o Padeiro que meu pai, carinhosamente, chamava de Mão Leve, porque não tinha um dos dedos. enquanto minha mãe Wanda na cozinha fazia os doces pra expor na vitrine do balcão. Meus irmãos e eu acordávamos cedo pra mais um dia, e na Rua Conceição as primeiras pessoas já começavam a perambular, e a criançada começava a brotar das casas: José Heleno e Geraldinho da Dona Íris, Wellington da Dona Geralda, Geraldino da Dona Filinha, José Dilton da Dona Conceição, Solimar da Dona Stela, Pedro Ernesto, Liga e Neco da Dona Edir, Zé Firmino da Dona Eny, Cirilo da Dona Armerinda e outros. Os campinhos, as brigas, os piques de esconder, o jogo de bilosca, e os objetos como: peão, carrapeta, atiradeira, manivela de papagaio, cavalo-de-pau... Certa feita, brincando de Velho Oeste com a minha irmã Janine, dei-lhe um tiro de mentira, e ela caiu fingindo de morta tão bem, que acabou dormindo no chão, brincávamos tanto de Faroeste, que o meu irmão Marquinho era chamado pela garotada de Tim Mac Coy. O Turibinha da Dona Nizinha e eu tínhamos o costume de dar um cabo de vassoura pro meu irmãozinho Antônio Carlos, pra ele bater na gente sem dó, o medo de levar uma cacetada era prazeroso. Como de sempre, eu não parava em casa, estava sempre dando trabalho pra minha mãe, pegando barro na cerâmica pra fazer hominho, cavalinho e trem-de-ferro. O único meio de comunicação sonora era o Rádio, naquela época as mulheres já eram apaixonadas por novelas. Na música, o sucesso era dividido entre Ângela Maria, Nelson Gonçalves e Luiz Gonzaga. A luz elétrica era tão fraca que quando chovia apagava o tempo todo, e, pra não ficar no escuro, meu pai acendia vela, lamparina, lampião..., e, quando a energia voltava, era uma gritaria geral na cidade. Na igreja o Padre Celso desenrolava a Via Sacra com maestria, fazendo chorar as mulheres, e, no mês de maio, os anjinhos saíam da casa da Dona Rosa pra coroar na igreja a Virgem Maria sob o explodir de foguetes, enquanto Celino no violino, Dona Líbia na harmônia e Niva na voz faziam um maravilhoso fundo musical. No campo de futebol as partidas terminavam geralmente em pancadaria, principalmente quando era Recreio x Ribeiro Junqueira. No cinema, tabuletas enormes exibiam os artista dos filmes em vigor, o tema Western era o mais exibido, a película cinematográfica era passada pelo Walter Chaminé e o Seu Marçal cuidava da bilheteria. Tony Curtis, Tyrone  Power, Victor Marture, Cary Grant, Bette Davis, James Stewart, Marlon Brando, Fred Astaire, Greta Garbo, Ingrid Bergman, Henry Fonda, Clark Gable, Elizabeth Taylor, Gary Cooper, Grace Kelly, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Sophia Loren, Sidney Poitier, Ava Gardner e muitos outros atores estadunidenses mostrando os rostos intrépidos nas fotografias de alta-qualidade das tabuletas do Cine Eldorado, eles eram tão conhecidos como os artistas da Globo hoje em dia. Zezé Macedo, Oscarito, Anquito, Grande Otelo e Mazaroppi se destacavam no elenco das comédias brasileiras. Já ia me esquecendo, o Gordo e o Magro arrebatavam a criançada numa gargalhada só. Quando chegava o Circo na cidade era um alvoroço total, no picadeiro: trapezistas, contorcionistas, palhaços: Pinga Fogo e Espalha Brasa, o toureiro Testa de Ferro, a Mascotinha, delírio da molecada..., enfim, tudo era muito divertido. Como era gostoso o dia do Natal com o Presépio na igreja, e a garotada cheia de brinquedos, pena que não posso dizer a mesma coisa em relação às crianças pobres, e, não poderia deixar de relatar também que o negro nesta época era barrado na entrada do Baile da Associação Comercial de Recreio. Todavia, mesmo assim foi um tempo bom, creio que pra todos nós.

Anibal Werneck de Freitas, 2022

quarta-feira, 15 de junho de 2022

DE COMO O MENINO ADONAI GOSTAVA MUITO DE PRESÉPIO SE ENVOLVENDO NUMA HISTÓRIA FANTÁSTICA E INACREDITÁVEL.

O garoto Adonai adorava ir à igreja, antes do Natal, só pra ficar admirando o Presépio, horas afinco. Ele ia sempre de tarde, horário em que a igreja estava vazia. Ficava fascinado vendo a Estrela Guia, os Três Reis Magos, os Anjos anunciando a chegada do Salvador; o Menino Jesus, de bracinhos abertos no seu bercinho de palha; a Virgem Maria e o São José, ambos ajoelhados; a manjedoura, com o burrinho e o boi; os pastores com as suas ovelhas; o laguinho feito com espelho. Enfim, tudo aquilo que você possa imaginar num Presépio. Adonai tinha, também, um vizinho, o Seu Francisco, que fazia um Presépio pra lá de interessante, todo mecanizado, como se estivesse vivo, movido a água. Pra você ter uma ideia, tinha até moinho girando, fingindo triturar alguma coisa; pontes com a água passando por debaixo; bonecos de madeira se mexendo; e por aí vai. A bem da verdade, Adonai gostava mais do Presépio da Matriz, por ser mais tradicional. Pois é, conta-se que o Presépio foi criado no século XIII (1223) por São Francisco de Assis, na Itália. Foi uma forma que ele encontrou pra contar aos habitantes da pequena localidade de Greccio, o Nascimento de Jesus, numa manjedoura. A partir daí o presépio tornou-se o símbolo católico como Tradição de Natal. Pois bem, para isso, São Francisco criou uma forma teatral, e, com a autorização do papa da época, construiu um cenário vivo, impressionando a todos que viam a cena. Voltando ao Adonai, este tinha o costume de pegar o Menino Jesus pra lhe dar um abraço e um beijo, quando não tinha ninguém por perto. Isto ele fazia todas as vezes que visitava o Presépio. Um dia, a zeladora Dinorá viu o seu comportamento perigoso, e resolveu lhe dar um susto. Pra isso, um dia, ela ficou atrás da imagem de Nossa Senhora das Cabeças, e: Adonai, Adonai, não faça isso com o meu filho, ele pode cair e se quebrar, e assim você vai pro Inferno! Ao ouvir a Mãe de Deus, o susto foi tão grande, que Adonai acabou deixando o Menino Jesus se espatifar no chão, saindo deste modo, como um louco da igreja. Por pura maldade, a zeladora deixou os cacos da imagem espalhados no piso do templo, e, como o Padre Antenor estava em Leopoldina, numa reunião com o Bispo, ela resolveu deixar tudo pra contar no dia seguinte, e, desta feita, ao terminar o serviço, fechou a igreja. Quanto ao Adonai, ao chegar em casa esbaforido, caiu de cama. Os pais estranharam o seu comportamento, e foram ver o que estava acontecendo, e, acometido por uma febre muito alta, começou a delirar: Eu quebrei o Menino Jesus, eu quebrei o Menino Jesus, eu quebrei o Menino Jesus! O farmacêutico Lazinho, brincalhão e muito querido na comunidade, foi chamado imediatamente, e, felizmente, logo logo, a medicação abaixou o febrão. No dia seguinte, Adonai acordou muito triste, porém melhor. Seus pais lhe perguntaram o que tinha acontecido, e ele contou tudo. Mediante o relato do filho, seus pais resolveram ir até a igreja para reparar o dano. Então, chegando na casa paroquial, viram a zeladora Dinorá já esperando o sacerdote chegar. E desta maneira, um clima de tensão provocou um silêncio sepulcral. Neste ínterim, Pe. Antenor chegou e estranhou aquela gente lhe esperando. Ao descer do carro, foi logo perguntando: O que houve?. A resposta veio logo: Padre, tenho algo pra lhe mostrar, vou abrir a igreja e o senhor vai ver com os próprios olhos! A família de Adonai tremeu na base, porque o padre tinha fama de muito brabo. Sendo assim, a zeladora abriu a porta principal da igreja, guiando todos na direção do Presépio. Chegando perto do dito cujo, Dinorá, pra espanto de todos, deu um grito e caiu desfalecida, porque viu o chão limpinho, e a imagem do Menino-Deus, Padroeiro da Paróquia, totalmente intacta na Manjedoura. 

NOTA: Dizem os mais velhos que Dona Dinorá nunca mais foi a mesma, e todos que iam a sua casa, ela fazia questão de contar esta história.

Anibal Werneck de Freitas, 17.06.2022. 

segunda-feira, 13 de junho de 2022

DE COMO VICENTE, MENINO DE RUA, CRIADO PELO PE. ARRUDA, COMO SE FOSSE FILHO, CHEGOU AO SACERDÓCIO.

 


Vicente foi acolhido pelo Pe. Arruda, quando ainda era um menino de rua.
Seu tutor lhe ensinou a ler e escrever, até em Latim, devido a falta de escola no lugarejo.
Ainda muito jovem, Vicente já falava com desenvoltura, pelo fato do bom conhecimento que recebeu.
Portanto, foi isto que chamou muito a atenção do Bispo Dom Abelardo, durante uma visita à paróquia, o qual lhe ofereceu um estudo no seminário, perguntando-lhe se queria ser padre.
Respondendo que sim, Vicente rumou com o Bispo pro Seminário.
Era noitinha quando foi embora, deixando o Pe. Arruda muito triste, porque afinal, ele o tinha como filho.
Desta forma, todas as vezes que Vicente visitava seu pai adotivo, lhe cobrava: No dia em que eu me ordenar padre, quero o senhor na minha cerimônia.
Desta feita, os anos foram se passando, Vicente crescendo e mostrando muita alegria pela sua escolha de ser um Ministro de Deus.
Por sua vez, Pe. Arruda continuou celebrando suas missas, e, num dia, sentiu-se fraco e desmaiou no altar.
Foi um corre-corre dentro da igreja, os Congregados Marianos correram para acudir o sacerdote, e as Filhas de Maria assustadas, dobraram a reza.
O médico foi chamado urgentemente.
Pe. Arruda, já bem melhor, quis continuar com o ofício, mas ninguém o deixou.
No entanto, havia um outro problema, a Missa tinha sido interrompida na metade, e, naquela época, assim como o Bispo, tinha que celebrá-la todos os dias, mesmo se estivesse sozinho.
Eu me lembro: Quando estava no Seminário, fui muitas vezes ajudar o Bispo Dom Gerardo a celebrar a Missa, no Palácio Episcopal de Leopoldina, era somente ele e eu. É bom lembrar que também era obrigatória a leitura cotidiana do Breviário, (Breviarium Romanum), um manual em Latim, que os clérigos traziam no bolso da batina.
Pois bem, voltando ao Pe. Arruda, este terminou a Missa deitado na cama da Casa Paroquial, rodeado de fieis.
Ao saber do ocorrido, Vicente pediu ao Reitor para visitá-lo.
Tempo vem, tempo vai, a saúde do Pe. Arruda começou a piorar, por causa da doença e da idade avançada, e, sendo assim, acabou entregando sua alma a Deus.
No dia do passamento, Vicente estava na capela do seminário rezando junto com os seus colegas, quando de repente, lágrimas saíram dos olhos de Jesus crucificado, assustando todo mundo.
Ainda sob os efeitos do susto, todos viram o Reitor entrando no santo recinto, dando em seguida a triste notícia de que o Pe. Arruda tinha morrido.
Ao ouvir a fúnebre missiva, Vicente desmaiou no ato, indo parar no hospital, onde ficou uma semana.
Quando recobrou os sentidos, ficou impaciente e muito triste ao saber que o seu querido pai adotivo já tinha sido sepultado.
O tempo passou, e no dia da sua ordenação pra padre, uma estranha e inesperada alegria tomou conta dele, apesar da ausência do seu inesquecível tutor.
E deste modo, no instante em que estava sendo ordenado, viu de novo lágrimas rolando dos olhos do Cristo na cruz, e, desta vez não se assustou, e, como um milagre, sua mente captou: Filho, agora estou chorando de alegria, com muito orgulho de você.
Desta vez foi só o Pe. Vicente, que viu.

Anibal Werneck, JF, 14.06.2022.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

DE COMO JOSINO UM RAPAZ CURIOSO E CORAJOSO FOI VÍTIMA DE UMA MULHER MISTERIOSA QUE SURGIU REPENTINAMENTE NUMA CASA PERTO DO CEMITÉRIO DE SUA CIDADE..


Uma casa bem conservada e abandonada pelos donos, devido ao cemitério muito próximo, era ocupada por uma mulher aparentando seus 36 anos, e, com o costume de ficar na janela até altas horas da noite, apreciando a rua. 
Parecia ser o seu passatempo predileto, e, deste modo, as poucas pessoas que passavam por perto lhe davam boa noite e ela sempre respondia com um sorriso.
Ela era muito bonita, mas ninguém sabia de onde tinha vindo. 
A família proprietária do imóvel tinha conhecimento desta ocupação repentina, todavia, a ignorou, até porque morava em outro município. 
Então, como em todo lugar pequeno, isso incomodava muito as pessoas, até porque, esta mulher não tinha o costume de sair de casa, e o mais intrigante era que nenhuma mercadoria, como alimento e material de limpeza, chegava até ela, que parecia não ter nenhuma precisão dessas coisas. 
Pois bem, acontece que esta situação estranha começou a chamar a atenção de Josino, um moço curioso e corajoso, que resolveu rondar o estranho domicílio, pra descobrir alguma coisa.
E assim, durante o dia ela não aparecia na janela, somente à noite, a partir das 8 horas.
Como não encontrava nada de importante, Josino resolveu se aproximar dela, mas foi em vão. 
No entanto, com o passar do tempo, ele foi tendo progresso, e finalmente conseguiu prosear com a estranha mulher. 
Tanto assim que aos poucos a coisa foi tomando rumo para um namoro de dois apaixonados.
A partir daí, a mulher começou a lhe explicar que seus pais moravam na roça, e mandavam tudo que ela precisava na calada da madrugada, através dos seus empregados.
Josino, na verdade, achou muito estranho o que ela lhe disse e, como estava muito apaixonado, deu prosseguimento ao enlace amoroso platônico, ou seja, sem nenhum contato físico, porque ela sempre o evitava.
O tempo foi passando, e a mulher misteriosa já não incomodava mais ninguém, apesar dela nunca convidar Josino pra entrar. 
Eles namoravam sempre através da janela, ela do lado de dentro e ele do lado de fora.
Pois é, numa noite muito escura, enquanto namoravam, Josino, tomado por uma força estranha, a agarrou fortemente e a beijou apaixonadamente na boca. 
Então, neste exato momento, o rapaz sentiu o corpo dela muito frio e os lábios totalmente gelados, causando-lhe assim um terrível calafrio, que o levou para o hospital, onde ficou 3 meses.
Quando voltou a si, Josino contou tudo o que tinha acontecido com ele, 
pormenorizadamente.
Mediante o seu relato, todo mundo ficou muito assustado, e deste modo, resolveu lhe dizer: Josino, você, literalmente, abraçou e beijou a Morte, na boca.

Anibal Werneck, JF, 10.06.2022.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

DE COMO O MELIANTE EUSÉBIO CAUSOU UM ALVOROÇO NA IGREJA BARROCA DE SUA CIDADE DEIXANDO MUITA GENTE FERIDA E ASSUSTADA.



Eusébio era muito parecido com o Jesus Cristo da Via Sacra exposta em quadros na igreja barroca de sua cidade. A idade, a estatura, o rosto, os cabelos longos e a barba, faziam muita gente parar pra vê-lo e exclamar: Nossa, é o próprio em pessoa!.
Apesar de simpático, Eusébio tinha uma reputação muito ruim na comunidade. Gostava de afanar coisas alheias, e estava sempre na Delegacia, onde era solto no dia seguinte, com a promessa de que iria mudar de vida.
O problema é que as pessoas não confiavam nele, e emprego ninguém queria lhe dar.
Sozinho, morador de rua, vivia de esmolas, e de pequenos furtos para sobreviver, era o que podemos chamar, Ladrão de Galinha.
Apesar de tudo, Eusébio ia sempre à igreja para admirar a Arte Barroca. Gostava de ver o trabalho dos artistas barrocos que empregavam realismo, cores ricas e temas religiosos ou mitológicos no teto, principalmente no altar-mor e nos laterais. Era, cá pra nós, fascinado pelos anjinhos tocando trompas.
Por incrível que pareça, ele ficava embevecido com tudo que via, mesmo sem entender nada. Agora, a única coisa que lhe dava medo era a imagem perfeita do Senhor Morto no esquife, parecia ser real. Isto porque as principais características da Arte Barroca são o dualismo, a riqueza de detalhes e o exagero, donde o seu caráter realista e detalhista tem a capacidade de mexer com o emocional das pessoas.
Eu, por exemplo, quando entro numa igreja antiga, viajo o tempo todo, ela me mostra os seus fantasmas por toda parte, eu me sinto no Túnel do Tempo, uma magia do Século XVIII toma conta de mim. Embora seja tudo na verdade uma forma da Igreja mostrar poder, e superioridade sobre nós, pobres mortais.
É bom frisar que a arte barroca é periférica, ou seja, atrás dos painéis dos altares não tem nada, é um pequeno cômodo escuro, assim como as imagens dos santos de madeira, que ficaram conhecidos como, Santo do pau oco.
Pois bem, certo dia, num final de tarde, Eusébio entrou na venda do Seu Francisco, e, aproveitando que não tinha ninguém, foi até a gaveta de dinheiro, colocou tudo num embornal, mas, no entanto, ao sair, foi flagrado por um freguês que gritou: Pega ladrão!, é o Eusébio!
Isto chegou aos ouvidos do dono do estabelecimento, que saiu do mictório e, imediatamente, mandou chamar a polícia. Todavia, infelizmente, o gatuno já estava longe.
Então, já era noitinha, quando Eusébio, fugindo da polícia, teve a ideia de se esconder na igreja, na hora da missa, que estava se avizinhando. E assim, subiu a escadaria, que ainda estava vazia, entrou pelo templo adentro, indo parar no altar, perto do esquife. Foi aí que resolveu, num estalar de dedos, vestir a túnica branca do Senhor Morto, e esconder a imagem atrás do altar-mor. Deste modo, Eusébio deitou-se no caixão e tomou a posição de um cadáver.
Foi tudo muito rápido, porque os fiéis já estavam chegando para assistir a Santa Missa, e, num piscar de olhos, a igreja estava lotada.
Saindo da sacristia, o padre iniciou a missa dizendo: Introibo ad altare Dei, (Subirei ao altar de Deus), porque naquela época a missa era rezada em Latim.
Enquanto isso, Eusébio permanecia imóvel no sarcófago, como se estivesse realmente morto, ninguém não notava nada de diferente.
Num dado momento, um silêncio sepulcral tomou conta de todo mundo, só se ouvia a campainha acionada pelo coroinha.
Neste exato momento, Eusébio já cansado com a posição incômoda do seu corpo, mexeu levemente os dedos, e, foi o bastante pra beata Clotilde perceber, e gritar pra todo mundo: Gente, o Senhor Morto mexeu os dedos!. Dizendo isso, caiu desfalecida, e, como muitos tinham visto, também, um pandemônio veio à tona, com muita gente gritando: Cristo ressuscitou!!!, Cristo ressuscitou!!!
Aproveitando a balbúrdia, Euzébio se levantou, sentou-se no esquife, pra pular dele, que desta maneira, saiu correndo em direção à porta da sacristia, fugindo através das catacumbas do cemitério da igreja, causando assim uma confusão ainda maior.
Enquanto isso, a maioria com muito medo, começou a sair pelas portas da matriz, atrapalhando a polícia concluir o seu trabalho. Muita gente se machucou feio, além dos desmaios que foram muitos.
Final da História, Eusébio, por sua vez, nunca mais apareceu, sumiu no mundo.

NOTA: Até hoje este fato é cogitado pelos mais velhos, e para muitos, Jesus realmente tinha ressuscitado naquele dia.

Anibal Werneck, JF, 09.06.2022.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

DE COMO JUSTINO RESOLVEU O PROBLEMA DE UMA IGREJINHA MAL ASSOMBRADA QUE ASSUSTAVA TODO MUNDO QUE PASSAVA POR ELA AO ANOITECER.


No fim das Minas Gerais, onde nem consta no mapa, havia um pequeno povoado de gente muito simples. Lugar muito antigo, que não cresceu economicamente, mas tinha como peculiaridade uma igrejinha em ruinas, com o mato tomando conta, destruindo totalmente o teto e as paredes laterais, deixando apenas a parte da frente à mostra, delineando assim, uma arquitetura portuguesa do século XIX.
Então, Justino era um lavrador que quando voltava da roça, já anoitecendo, passava em frente a igrejinha destruída pelo tempo, pertinho da escada que ia até a porta principal, feita de uma madeira de lei, fortemente trancada, e, ninguém do lugarejo ousava se aproximar dela, porque tinha fama de ser mal-assombrada.
Acontece que o Justino não tinha medo da nada, e nem acreditava nessas crendices. Já o Pedro, o Juventino e a Dona Maria, todos diziam categoricamente que tinham visto coisas estranhas por lá, além de lamentos assustadores, como se alguém estivesse sentindo muita dor.
Então, sendo assim, o tempo foi passando e o Justino de volta do trabalho via sempre a fachada da capelinha e a escadaria totalmente sem uma viva alma.
Como tudo tem a sua primeira vez, um dia, voltando do trabalho, já estava bem escuro, Justino viu um vulto sentado no último degrau, mas não se intimidou, aproximou-se e indagou: Desculpe-me a intromissão, você está perdido?, posso lhe ajudar?, você não me parece ser daqui...
O ser estranho todo encapuçado continuou em silêncio, e nem virou o rosto pro Justino que, por sua vez, puxou mais conversa, todavia, o estranho se levantou e caminhou em direção à mata, sumindo na escuridão.
No dia seguinte, Justino contou tudo para o pessoal do pequeno arraial e em troca recebeu várias advertências: Justino, tome cuidado, tem coisas neste mundo perigosas, fique mais atento, coisas assim a gente sai fora, não procure sarna pra se coçar, homem!
Acontece que passaram meses e o ser enigmático não apareceu mais.
Deste modo, Justino continuou o seu trajeto sem nenhum receio, mas, numa noite fria, o misterioso vulto surgiu, e desta vez estava em pé no primeiro degrau, fazendo sinal pro nosso protagonista, que imediatamente se aproximou, sem conseguir ver o rosto do espectro, por causa do capuz. No entanto, já bem perto, Justino perguntou: Quem é você?. A resposta veio com uma voz muito fraca: Eu sou o Padre Gregório Guimarães Barbosa. E, rapidamente, o estranho se afastou e sumiu na mata de novo.
Mais uma vez, Justino contou o que tinha acontecido e muita gente não acreditou. Deste modo, seus conterrâneos resolveram tirar as ruínas, com muito medo por parte de alguns, para limpar a área que dava pra entrada do vilarejo, com o objetivo de acabar com aquelas histórias de assombração.
Pois bem, desta feita, um mutirão foi engendrado para tal fim, e nele, como era de se esperar, estava o Justino. O trabalho foi árduo, e suaram muita camisa. Portanto, quando começaram a tirar o piso bem danificado, o barulho de uma enxada batendo em algo muito resistente, chamou a atenção de todo mundo, e, foi uma correria pra ver o que era.
Perplexos, todos viram uma lápide de mármore com os seguintes dizeres: Aqui jaz na Santa Paz de Deus, Pe. Gregório Guimarães Barbosa, 02/06/1845 a 08/08/1910.
Passado o susto, os ossos do sacerdote foram enterrados no pequeno cemitério da aldeia, e, deste modo, ele nunca mais apareceu pro Justino, que continuou passando tranquilamente no mesmo lugar à noitinha, vindo do trabalho.

NOTA: Esta história se espalhou por toda parte, e muita gente passou a visitar o túmulo do padre. Conta-se que depois disso até milagres passaram a acontecer.

Anibal Werneck, JF, em 07.06.2022.

domingo, 5 de junho de 2022

DE COMO UMA MENININHA NEGRA DE 5 ANOS DEIXOU EM POLVOROSA UMA CIDADEZINHA MINEIRA NO SÉCULO XIX EM PLENO GOVERNO DE D. PEDRO II.


Numa pequena cidade do interior de Minas, cujo nome não me lembro, tem uma lenda intrigante. Trata-se de uma menina negra de 5 anos, que aparecia toda de branco na igreja matriz durante a missa.
Conta a lenda que isso aconteceu por volta de 1879, na época do Padre Eustáquio, homem bom e muito querido na paróquia.
Então, essa criança começou a surgir só pro sacerdote, durante a Consagração da Hóstia, na hora em que os fiéis abaixavam a cabeça. Sua aparição era sempre na porta principal do templo.
Quando ela aparecia, esboçava um sorriso triste, depois subia correndo a escada que dava pra área do coral, indo em direção à torre do sino.
No início, Padre Eustáquio não contou nada pra ninguém, todavia, isso começou a perturbá-lo de tal modo, que acabou relatando tudo pros seus paroquianos, e, a partir daí, todo mundo ficou atento, mas ninguém via nada, somente o pároco.
Certa vez, o padre pediu pro sacristão ficar na torre do sino, esperando pela garotinha, e mesmo assim, não deu certo.
Acontece que o pessoal da cidade começou a ficar muito agitado com essa situação e, pra piorar, a presença de muita gente das cidade vizinhas se transformou numa enorme preocupação para o Alcaide.
Padre Eustáquio, por sua vez, resolveu contar pro Bispo Diocesano Dom Gerardo, e assim, surgiu a ideia de enviar outro padre, quem sabe, talvez ela só aparece para um Ministro de Deus. Infelizmente não deu certo e o problema continuou se agravando cada vez mais. Já não podia entrar mais ninguém na cidade, faltava alimento e lugar para as pessoas pernoitarem. Muitos soldados foram deslocados para a cidade pelo Governo Imperial para manter a ordem.
Mediante a tudo isso, Padre Eustáquio adoeceu e ficou pra morrer. Deste modo, a menina parou de aparecer durante as missas celebradas por outros padres. A cidade começou a voltar ao seu normal, Muita gente já nem falava mais sobre a aparição da menininha.
Conta-se que Pe. Eustáquio se recuperou milagrosamente e pediu ao Bispo que o transferisse pra outra paróquia, mas antes, iria celebrar a última missa, como agradecimento aos seus paroquianos. Muitos tentaram tirar esta ideia da cabeça dele, todavia, ele foi categórico: Com a menina ou não, vou celebrar esta missa!. E assim cumpriu o seu desejo.
Os mais antigos falam que esta história era muito contada pelos seus avós. Segundo eles, nessa missa de despedida, no momento da Consagração, Pe. Eustáquio teve uma ataque do coração fulminante, e caiu de bruços no altar, e, nesse instante aterrorizador, todo mundo na igreja viu uma menina negra, toda de branco, entrando pela porta principal, sorrindo e correndo em direção ao corpo já sem vida do sacerdote, desaparecendo logo em seguida.
Pois é, o que aconteceu depois, fica por conta da sua imaginação.
NOTA: Alcaide era o nome do que hoje chamamos de Prefeito, tinha poderes limitados, no tempo do Imperador D. Pedro II.
Anibal Werneck, em 06.06.2022.

sábado, 21 de maio de 2022

BEM VINDA, MONIQUE!


 As músicas de cunho religioso, que venho postando no You Tube e no Facebook, foram a forma que encontrei para agradecer a Deus, aos Espíritos de Luz, à Corrente Espiritual e Terrena e aos Médicos, que intercederam pela Monique, esposa do meu filho, Anibal, e mãe dos meus netinhos, Saulo e Murilo. Ontem, ela chegou em casa, do hospital Monte Sinai, onde ficou internada 96 dias, devido à covid-19.  
Sendo assim, vamos continuar firmes para que ela se recupere o mais rápido possível. 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

CAUSOS DE NOSSA GENTE MINEIRA - 23 (Vendo Mortos)


Apresentação, Janine WF.
Narração, Ann-Louise.
Causo, Anibal de Freitas.
Rádio Web, radianterecreio.net
[saber salva] 16.02.2022

domingo, 16 de janeiro de 2022

DE COMO A FONTE DA INVENTIVIDADE RESOLVEU O PROBLEMA DO SEU SEBASTIÃO, ENCONTRAR A FONTE DA JUVENTUDE, ATRAVÉS DO SEU NETO.




O tempo passou, passou, passou, até que ele se arrependeu de ter ficado velho. E desta vez não havia volta. Mas ele queria ficar novo o resto da vida. Pior ainda. Queria morrer como um jovem, mas por tempo vivido, ou seja, de velhice. O problema é que morrer “idoso novo”, é impossível. A não ser que conseguisse morrer de velhice precoce, ou melhor, precoce velhice. Chamavam-no de Seu Bastião. Teve uma vida sedentária. Não gostava de fazer esforço para evitar a fadiga e as rugas. Pintava os cabelos desde os seus 21 anos. Não conseguia se conformar com os cabelos prematuramente desbotados. Sonhava aparentar jovem quando morto. Era daqueles tipos sinistros e tranquilos, que matariam uma tartaruga a beliscão. Nunca brigava ou sequer levantava a voz a quem quer que fosse. Falava muito pouco quase o tempo inteiro. Mas também, falava o tempo inteiro muito pouco. Não havia motivos que lhe tirassem a paciência.
Sua esposa, com quem teve uma filha, “abotoou a casaca” há 27 anos, num desastre de trânsito. Desde então, sentia-se melancólico, entristecido, por não ter alguém que o confortasse, que o amparasse, por não poder parar de envelhecer. Só, ele passava praticamente trancafiado em sua casa, ouvindo em sua velha vitrola os antigos sucessos de seus tempos de mocidade. Mas acreditava que havia uma maneira de morrer sem se parecer velho. Já estava com os seus 82 anos. Sua expressão engelhada o atormentava dia a dia. Pensou em ser vampiro, mas nunca encontrou um para mordê-lo. Assistiu Highlander e se animou, mas era ficção. Quando começou a se preocupar com a velhice eminente, desejou “parar no tempo” e ser como o garoto Peter Pan, mas percebeu que seu desejo estava tão distante quanto a “Terra do Nunca”. É! No fundo sabia que não havia saída! Pensou também em se congelar, quando ainda novo, mas como iria morrer jovem-velho se estivesse congelado. Não iria ao menos viver para finar-se. Plástica não funcionaria, pois queria alcançar seu sonho naturalmente. E passavam as horas, os dias, os meses e os anos, e ele foi se arrependendo mais e mais.
Num domingo nuvioso, enquanto voltava para sua casa levando o jornal que acabara de comprar, “bateu”, distraído, numa ‘bela coroa” e se apaixonou instantaneamente. Foi paixão à segunda vista (a primeira foi pela esposa falecida). Ela era realmente muito bonita, e para o seu espanto estava com 62 anos, porém, não aparentava sua experiência. Casou-se com ela no segundo encontro, afinal, como ele mesmo afirmara, “não havia tempo a perder”. Viveu com ela por longos 20 anos – pelo visto houve tempo de sobra – até que chegou o momento dela o deixar. Novamente, Seu Bastão se viu abandonado e ainda mais velho. Estava agora com 102 anos. E passava todo o tempo pensando em como deixaria a vida para enfim morrer jovem estando velho.
Seu neto, muito criativo e sempre preocupado com o avô, numa de suas frequentes visitas chegou animado dizendo ter encontrado a solução para a sua velhice: “Vô, encontrei a fonte da juventude!”. Cansado e já sem expectativas de alcançar seu, até o momento, inalcançável sonho, resolver seguir o neto, pois não teria nada a perder mesmo.
O neto então o levou até o local, com o intuito de fazer com que Seu Bastião apenas se divertisse um pouco pescando com ele. Chegando lá, o velho se viu num belo descampado cujo centro era ocupado por um pequeno lago. Pensou: “Então esta é a fonte da juventude”. Repentinamente foi tirando a roupa, e aproveitando a distração do neto jogou-se no lago e começou a afundar. Naquele momento, percebeu finalmente que seu neto “acertara na mosca” quando afirmara que era a “fonte da juventude”. Morreu como uma criança que ainda não sabe nadar.

NOTA: Filipi teve como tutor para esta estória, Zé do Caixão, e só nadava na parte rasa das piscinas infantis.

Filipi Machado Werneck de Freitas, em 16.01.2022







DE COMO O DONO DO CAFÉ STO. ANTÔNIO GOSTAVA DE CONTAR SUAS HISTÓRIAS INCRÍVEIS DOS VELHOS TEMPOS DE RECREIO-MG.



Os nomes desta história verídica são fictícios, como uma forma de respeito às famílias, porque trata-se de jovens, gente boa, mas baderneiros, que quando bebiam, gostavam de atirar nas árvores, e nos botequins, pra cima, furando o teto de balas, como no Velho Oeste.
Eles eram cinco, José, Ricardo, Renato, Francisco e João, cada um trazia a sua arma na cintura.
Pois é, eu tinha o meu estabelecimento na Rua Conceição, onde eu vendia cachaça, cerveja, refrigerantes, além de um tira-gosto muito cobiçado, pão de sal com pernil de porco.
Pois é, esta turma eu já conhecia muito bem, desde quando eu trabalhava no Bar Oriente.
Eu me lembro que uma vez, eles criaram uma confusão do diabo, neste bar famoso de Recreio, e eu tive que pular pra debaixo do balcão, pra não levar um tiro. Foi realmente um faroeste. Acontece que eles não atiravam em ninguém, mas do jeito que estavam bêbados, eu poderia levar um tiro.
Naquela época, década de quarenta, o Castrinho, cujo nome não é fictício, vendia armas de fogo, que ficavam expostas na vitrine da sua loja, pois não eram proibidas, qualquer um podia comprar uma, desde que tivesse dinheiro.
Pois bem, acontece que eu saí do Bar Oriente e montei um botequim, que tinha espaço pra duas mesas e um reservado, onde ficavam pessoas bebendo escondido.
Já esta turma do barulho, era completamente diferente, gostava de ficar bebendo sob os olhares de quem passava na calçada.
Quando montei o meu negócio, não deu outra, a turma apareceu para inaugurar, e, assim que eles entraram, reuni toda a coragem que tinha e fui logo falando, Sejam bem vindos, mas, por favor, não repitam aqui o que fizeram no Bar Oriente.
Enquanto falava, eles foram se acomodando nas mesas e o mais calmo respondeu, Não, seu Antônio Hygino, viemos em paz e estamos aqui só pra beber.
Conversa vai, conversa vem, e põe cerveja nisso, de repente, um deles sacou da arma e apontou para o companheiro, que fez a mesma coisa, pensei comigo, é hoje!, foi aí, que vi ambos atirando pra cima e lá se foi o meu teto de esteira com dois furos de bala. A partir daí, foi uma algazarra tremenda, aquilo fora combinado, todavia eu levei um susto tão grande que gritei com eles pra não continuarem deste jeito.
Deste modo, por incrível que pareça, eles ficaram quietos e pediram mil desculpas, prometendo reparar os danos, porque o chão estava repleto de cacos de vidro das garrafas.
Depois de um bom tempo, eles apareceram de novo, só que desta vez, cada um me entregou a sua arma pra eu guardar.
E com este costume correto, que perdurou por muitos anos, eu não tive mais trabalho com eles.

NOTA: História extraída do fanzine, Mar de Morros, nº 39, de outubro de 2002, página 11.

Antônio Hygino de Freitas.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

É REALMENTE MUITO TRISTE


É realmente muito triste. A nossa geração que prometia tanto tá aí igualzinho à dos nossos pais. É só abrir o You Tube pra ver. Infelizmente estamos vivendo uma Ditadura Inteligente. Colocaram um palhaço na Presidência pra desviar o foco do povo em relação ao que está acontecendo. O problema maior é que até a Mídia faz o jogo dele dando uma atenção muito grande às suas palhaçadas. Tomar atitude mesmo não toma. Parece até que está conivente com este desgoverno. Isto sem levar em conta as músicas ridículas que fazem sucesso hoje. Elas vêm tornando os jovens cada vez mais burros. As músicas questionadoras dum Vandré não se ouvem mais. Dando assim coragem pra muita gente externar sua ignorância através do apoio à ditadores e torturadores. Estamos na verdade deixando um mundo muito ruim para os nossos filhos e netos. E é culpa nossa!

Anibal, em 07.01.2022

sábado, 1 de janeiro de 2022

PARABÉNS, FILIPI, PELO SEU ANIVERSÁRIO!

 


Meu filho, Filipi, que esta data natalícia lhe seja o início de uma nova vida, cheia de muitas conquistas e de muita luz, pra continuar iluminando o seu caminho, junto de sua esposa Giselle. Sendo assim, nossos parabéns, e continue sempre na luta como um grande guerreiro.

São os votos do seu pai, sua mãe e dos seus irmãos, em 01.01.2022


VENTO SUAVE (Lenira, Armando e Anibal)