da áfrica, reino do congo,
galanga, o monarca guerreiro e sumo sacerdote do deus zambi – apungo e todo o
seu séquito, cativos de traficantes portugueses, foram trazidos pelo tumbeiro
madalena para a vila rica das minas gerais do ouro, século xviii. na travessia
do atlântico, sua esposa, a rainha djalô e sua filha foram jogadas no oceano
pelos marujos.
aqui, este rei afro, filho
e súditos trabalharam nas minas como escravos, e, com o ouro excedente, chico
comprou a sua liberdade, a do filho e a dos companheiros, e assim, adquiriu a
mina da encardideira, associou-se à irmandade de santa ifigênia, composta de
negros livres e se transformou no lendário chico rei, agora, de ouro preto.
com a anuência do
governador geral, conde de bobadela, chico, foi um rei para os seus e um bobo
da corte para os portugueses, se transformou num paradigma de conciliação entre
negros e brancos, não representava nenhum perigo para o estado e muito menos
para a igreja, porque chico se converteu ao cristianismo e, como não podia
entrar na igreja dos brancos, construiu uma para os seus irmãos de cor. como
sempre foi na nossa história, o negro mantido à distância, e vigiado pelo
branco.
com o passar do tempo, o
pseudo reinado de chico se converteu nas folclóricas congadas, reis de
mentirinha são coroados todos os anos na nossa minas gerais, são homens
pobres, desdentados, que não acalentam mais o sonho de um reino afro na terra
de pindorama, que saem batendo os seus tambores pelas ruas mineiras e há quem
diga que minas não tem tambor, o milton chegou a comprar esta briga, por serem
raros nos dias de hoje.
esta é mais uma história
injusta erigida em nome do deus cristão, esta infeliz situação perdura
desde o dia em que o imperador romano constantino afirmou ter visto no céu uma
cruz com a inscrição, quo signo vinces, ou seja, por este sinal vencerás, o que na verdade
foi uma jogada política, porque o lado cristão estava mais forte, é o que
sempre vem acontecendo até nos nossos dias.
anibal werneck de freitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário