domingo, 4 de abril de 2021

DE COMO EU CONHECI UM HOMEM, QUE SE DIZIA TER SIDO ESCRAVO, NUMA VIDA PASSADA, E MORTO A MACHADADA.


Esta história realmente aconteceu comigo. 
Tudo começou quando eu passei no concurso estadual de história, pra dar aula em pirapetinga, na escola estadual capitão ovídio lima, onde tive que cumprir 2 anos probatórios. Este fato curioso comigo, foi numa viagem de ônibus, de recreio até pirapetinga, passando por volta grande. No veículo, tinha poucos passageiros, quase ninguém, e o trajeto era longo e cansativo. Pois é, não sei porque 'cargas d'água', um negro magro, de estatura mediana, aparentando ser muito pobre, parou o coletivo, entrou e veio sentar justamente do meu lado. E assim, do nada começou a falar em voz alta, "Fui escravo na minha reencarnação passada, no século XIX, eu era um escravo reprodutor na fazenda, dava muito trabalho pros feitores, porque eu brigava muito com eles e vivia fugindo". Observei que às vezes, ele falava de forma um pouco agressiva. Eu, educadamente, lhe dei a atenção e assim, comecei a fazer perguntas, dentro dos meus conhecimentos de história, a respeito do cotidiano na senzala e na casa grande. Sem mentira nenhuma, cheguei até a me arrepiar, porque ele me respondia todas, com uma precisão incrível. Nossa conversa foi muito interessante, porém, o mais assustador, estava pra vir.
Quando o autocarro passou em frente a uma antiga fazenda de café, bem conservada, ele olhou nos meus olhos e, apontando pra uma enorme árvore secular, na frente do casarão, desabafou, "Tá vendo aquela árvore, eu fui morto a machadada, covardemente, debaixo dela!". Dizendo isso, de modo chocante, parou o veículo coletivo e, em silêncio, desceu. O mais intrigante ainda, foi que pela minha janela não conseguia vê-lo mais. Então, aproveitando o momento em que o ônibus estava parado, perguntei ao motorista, "Quem é esse homem, você o conhece?". A resposta foi, "Não!, de vez em quando, esse estranho aparece e desce sempre neste ponto, perto desta fazenda, a gente não lhe cobra nada, já até me acostumei com ele, todavia, ninguém sabe nada a seu respeito". 

NOTA, é bom lembrar que ele não me pareceu drogado e muito menos bêbado, e então, volto a frisar que esta história aconteceu comigo mesmo, desta vez não foi nenhuma ficção misturada com  fatos. 

anibal werneckfreitas, jf, 05/04/2021.

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