no final do século XIX, numa pequena localidade, perdida neste imenso brasil, aconteceu um caso bastante fantasmagórico, 'a procissão dos mortos', vamos a ele:
dona jandira, uma senhora já idosa, gostava muito de ficar na janela de sua casa, tomando conta da vida de todo mundo, até altas horas da noite.
no lugarejo, onde morava, era costume as pessoas se recolherem a partir das dez horas da noite, deixando assim as ruas totalmente desertas.
sendo assim, a dona jandira não respeitava as pessoas e nem o costume, e ficava no seu posto até o início da madrugada, ignorando as advertências das pessoas de que ela corria um grande perigo.
A rua da dona jandira era comprida, e nela havia algumas casas, a igreja e o cemitério.
então, certa noite sem luar, depois das doze horas,
esta senhora, muito curiosa e bisbilhoteira da vida alheia, viu uma estranha e silenciosa procissão, com velas
acesas, se descortinando à sua frente e, meio assustada, ela estranhou o
horário do cortejo e o silêncio dos sinos da igreja, mas mesmo assim, continuou
observando o evento inesperado, notando que as vestes daquelas pessoas
estranhas eram pretas, envolvendo todo o corpo e ostentando um capuz que cobria
toda a cabeça, não dando assim para identificar ninguém.
era uma madrugada de puro breu, de repente, ela viu um vulto
se deslocando da estranha procissão, vindo em sua direção, sem deixar ver o rosto, e se aproximando dela, lhe
entregou um objeto que parecia ser uma vela apagada: “guarde isto, não
conte nada pra ninguém o que você está vendo, porque amanhã, neste exato momento, voltarei para
pegá-lo” e, deste modo, se misturou rapidamente aos demais passantes.
apesar de intrometida, dona jandira era corajosa, todavia, ficou bastante
assustada, fechou a janela, colocou a ‘coisa’, que recebeu da enigmática entidade, sobre a cômoda e, cansada, pegou
no sono.
no dia seguinte, ela achou que tudo não passava de
um pesadelo, no entanto, foi até à cômoda para averiguar e viu um osso humano,
no lugar do que lhe parecia ser uma vela.
já com o horror estampado na sua face, a idosa lembrou que
o homem esquisito iria voltar, e, deste modo, pegou o terço e começou a rezar
freneticamente, passando o dia todo sem comer sem beber e, apesar de corajosa, tremia dos pés à
cabeça, e assim ficou até o momento da hora sinistra, quando ouviu três batidas na sua porta.
completamente desnorteada, sem saber o que poderia
acontecer com ela, abriu abruptamente a porta e rapidamente entregou o osso ao
visitante macabro que, ao pegá-lo, num passe de mágica, se transformou em uma vela
acesa, clareando assim, o seu rosto cadavérico que, desta forma horrível, a aconselhou: “isto é pra
você aprender a não falar mal dos outros, perturbando a paz até dos mortos,
e tem mais, agora você está na obrigação de contar esta história, como exemplo, pra toda a gente deste povoado!”, após
dizer isto, com muita ênfase, o misterioso ser sumiu na intensa escuridão.
anibal werneckfreitas, jf, 28.03.2021.
anibalwerneck@gmail.com
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