quarta-feira, 15 de junho de 2022

DE COMO O MENINO ADONAI GOSTAVA MUITO DE PRESÉPIO SE ENVOLVENDO NUMA HISTÓRIA FANTÁSTICA E INACREDITÁVEL.

O garoto Adonai adorava ir à igreja, antes do Natal, só pra ficar admirando o Presépio, horas afinco. Ele ia sempre de tarde, horário em que a igreja estava vazia. Ficava fascinado vendo a Estrela Guia, os Três Reis Magos, os Anjos anunciando a chegada do Salvador; o Menino Jesus, de bracinhos abertos no seu bercinho de palha; a Virgem Maria e o São José, ambos ajoelhados; a manjedoura, com o burrinho e o boi; os pastores com as suas ovelhas; o laguinho feito com espelho. Enfim, tudo aquilo que você possa imaginar num Presépio. Adonai tinha, também, um vizinho, o Seu Francisco, que fazia um Presépio pra lá de interessante, todo mecanizado, como se estivesse vivo, movido a água. Pra você ter uma ideia, tinha até moinho girando, fingindo triturar alguma coisa; pontes com a água passando por debaixo; bonecos de madeira se mexendo; e por aí vai. A bem da verdade, Adonai gostava mais do Presépio da Matriz, por ser mais tradicional. Pois é, conta-se que o Presépio foi criado no século XIII (1223) por São Francisco de Assis, na Itália. Foi uma forma que ele encontrou pra contar aos habitantes da pequena localidade de Greccio, o Nascimento de Jesus, numa manjedoura. A partir daí o presépio tornou-se o símbolo católico como Tradição de Natal. Pois bem, para isso, São Francisco criou uma forma teatral, e, com a autorização do papa da época, construiu um cenário vivo, impressionando a todos que viam a cena. Voltando ao Adonai, este tinha o costume de pegar o Menino Jesus pra lhe dar um abraço e um beijo, quando não tinha ninguém por perto. Isto ele fazia todas as vezes que visitava o Presépio. Um dia, a zeladora Dinorá viu o seu comportamento perigoso, e resolveu lhe dar um susto. Pra isso, um dia, ela ficou atrás da imagem de Nossa Senhora das Cabeças, e: Adonai, Adonai, não faça isso com o meu filho, ele pode cair e se quebrar, e assim você vai pro Inferno! Ao ouvir a Mãe de Deus, o susto foi tão grande, que Adonai acabou deixando o Menino Jesus se espatifar no chão, saindo deste modo, como um louco da igreja. Por pura maldade, a zeladora deixou os cacos da imagem espalhados no piso do templo, e, como o Padre Antenor estava em Leopoldina, numa reunião com o Bispo, ela resolveu deixar tudo pra contar no dia seguinte, e, desta feita, ao terminar o serviço, fechou a igreja. Quanto ao Adonai, ao chegar em casa esbaforido, caiu de cama. Os pais estranharam o seu comportamento, e foram ver o que estava acontecendo, e, acometido por uma febre muito alta, começou a delirar: Eu quebrei o Menino Jesus, eu quebrei o Menino Jesus, eu quebrei o Menino Jesus! O farmacêutico Lazinho, brincalhão e muito querido na comunidade, foi chamado imediatamente, e, felizmente, logo logo, a medicação abaixou o febrão. No dia seguinte, Adonai acordou muito triste, porém melhor. Seus pais lhe perguntaram o que tinha acontecido, e ele contou tudo. Mediante o relato do filho, seus pais resolveram ir até a igreja para reparar o dano. Então, chegando na casa paroquial, viram a zeladora Dinorá já esperando o sacerdote chegar. E desta maneira, um clima de tensão provocou um silêncio sepulcral. Neste ínterim, Pe. Antenor chegou e estranhou aquela gente lhe esperando. Ao descer do carro, foi logo perguntando: O que houve?. A resposta veio logo: Padre, tenho algo pra lhe mostrar, vou abrir a igreja e o senhor vai ver com os próprios olhos! A família de Adonai tremeu na base, porque o padre tinha fama de muito brabo. Sendo assim, a zeladora abriu a porta principal da igreja, guiando todos na direção do Presépio. Chegando perto do dito cujo, Dinorá, pra espanto de todos, deu um grito e caiu desfalecida, porque viu o chão limpinho, e a imagem do Menino-Deus, Padroeiro da Paróquia, totalmente intacta na Manjedoura. 

NOTA: Dizem os mais velhos que Dona Dinorá nunca mais foi a mesma, e todos que iam a sua casa, ela fazia questão de contar esta história.

Anibal Werneck de Freitas, 17.06.2022. 

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