domingo, 5 de junho de 2022

DE COMO UMA MENININHA NEGRA DE 5 ANOS DEIXOU EM POLVOROSA UMA CIDADEZINHA MINEIRA NO SÉCULO XIX EM PLENO GOVERNO DE D. PEDRO II.


Numa pequena cidade do interior de Minas, cujo nome não me lembro, tem uma lenda intrigante. Trata-se de uma menina negra de 5 anos, que aparecia toda de branco na igreja matriz durante a missa.
Conta a lenda que isso aconteceu por volta de 1879, na época do Padre Eustáquio, homem bom e muito querido na paróquia.
Então, essa criança começou a surgir só pro sacerdote, durante a Consagração da Hóstia, na hora em que os fiéis abaixavam a cabeça. Sua aparição era sempre na porta principal do templo.
Quando ela aparecia, esboçava um sorriso triste, depois subia correndo a escada que dava pra área do coral, indo em direção à torre do sino.
No início, Padre Eustáquio não contou nada pra ninguém, todavia, isso começou a perturbá-lo de tal modo, que acabou relatando tudo pros seus paroquianos, e, a partir daí, todo mundo ficou atento, mas ninguém via nada, somente o pároco.
Certa vez, o padre pediu pro sacristão ficar na torre do sino, esperando pela garotinha, e mesmo assim, não deu certo.
Acontece que o pessoal da cidade começou a ficar muito agitado com essa situação e, pra piorar, a presença de muita gente das cidade vizinhas se transformou numa enorme preocupação para o Alcaide.
Padre Eustáquio, por sua vez, resolveu contar pro Bispo Diocesano Dom Gerardo, e assim, surgiu a ideia de enviar outro padre, quem sabe, talvez ela só aparece para um Ministro de Deus. Infelizmente não deu certo e o problema continuou se agravando cada vez mais. Já não podia entrar mais ninguém na cidade, faltava alimento e lugar para as pessoas pernoitarem. Muitos soldados foram deslocados para a cidade pelo Governo Imperial para manter a ordem.
Mediante a tudo isso, Padre Eustáquio adoeceu e ficou pra morrer. Deste modo, a menina parou de aparecer durante as missas celebradas por outros padres. A cidade começou a voltar ao seu normal, Muita gente já nem falava mais sobre a aparição da menininha.
Conta-se que Pe. Eustáquio se recuperou milagrosamente e pediu ao Bispo que o transferisse pra outra paróquia, mas antes, iria celebrar a última missa, como agradecimento aos seus paroquianos. Muitos tentaram tirar esta ideia da cabeça dele, todavia, ele foi categórico: Com a menina ou não, vou celebrar esta missa!. E assim cumpriu o seu desejo.
Os mais antigos falam que esta história era muito contada pelos seus avós. Segundo eles, nessa missa de despedida, no momento da Consagração, Pe. Eustáquio teve uma ataque do coração fulminante, e caiu de bruços no altar, e, nesse instante aterrorizador, todo mundo na igreja viu uma menina negra, toda de branco, entrando pela porta principal, sorrindo e correndo em direção ao corpo já sem vida do sacerdote, desaparecendo logo em seguida.
Pois é, o que aconteceu depois, fica por conta da sua imaginação.
NOTA: Alcaide era o nome do que hoje chamamos de Prefeito, tinha poderes limitados, no tempo do Imperador D. Pedro II.
Anibal Werneck, em 06.06.2022.

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