terça-feira, 25 de maio de 2021

DE COMO O CANTADOR E TOCADOR DE VIOLA, CHICO FILIN, DE LEOPOLDINA-MG, NÃO CONSEGUIA AGRADAR NINGUÉM COM A SUA MÚSICA.


Isto aconteceu realmente na década de 20, do século XX, em leopoldina-mg. Naquela época havia uma dança muito popular chamada caxambu, que os jovens apreciavam muito. 
Sendo assim, nossa história começa com um pretinho franzino e de voz fraca, chamado, chico filin, que vivia cantando e tocando sua viola, mas ninguém lhe dava ouvido, e, quando não estava na roça trabalhando, passava o dia inteiro, cantando ao som de sua desafinada viola, na sua casinha de sapé, no morro, hoje conhecido como, o alto da ventania. Acontece que, mesmo com todo esse afinco, ele não conseguia agradar ninguém. Muitos de forma sarcástica, chegavam rindo, na sua janela, e zombavam, Filin, vá pra roça trabalhar, porque sua viola é a enxada!. Ele era o santo de casa que não fazia milagre, todavia, mesmo assim, prosseguia na sua luta sem nenhum reconhecimento, porque além de músico muito limitado, sua voz não atendia ao padrão da época, ou seja, o vozeirão. Então, no dia 13 de maio de 1926, comemorando a abolição da escravatura, um grande cantador da zona da mata, cognominado, mazagão, fora chamado para dar o seu show, no salão do clube cutubas, fundado pela comunidade negra, assim como o flor da mocidade de recreio-mg. Tudo corria bem, mas na hora do evento, o salão estava lotado, e o famoso mazagão não chegava, e, o pessoal reclamando muito, já estava querendo ir embora. Naquele tempo, as estradas regionais eram ruins e poucas, de modo que os atrasos eram constantes. Por sua vez, aproveitando a situação, chico filin, pra salvar a festa, pegou a sua viola, foi direto pro palco, e, sob protestos da plateia, começou a cantar. O salão ferveu e uma chuva de vaias veio de todos os lados, dava pena ver o pretinho nessa situação deplorável. Quando tudo parecia ir pro fundo do poço, de repente, o pessoal começou a aplaudir, chico filin chegou até esboçar um sorriso que morreu, quando ouviu os gritos, Fora, chico filin, fora!, mazagão chegou agora!!!, fora, chico filin, fora!, mazagão chegou agora!!!. E, desta triste maneira, mazagão já estava vindo em sua direção. No dia seguinte, chico filin desapareceu de leopoldina, e, ninguém sabia do seu paradeiro. Como castigo, a partir deste lamentável dia, o povo arrependido passou a sentir muito a sua falta.

NOTA: Fonte, Nossos avós contavam e cantavam histórias, de Angêlica de Rezende Garcia. Na foto, década de 40 - Esperança Jazz e componentes do curso de corte e costura do Clube Cutubas. (Acervo de Elpídio Rodrigues).

anibal werneckfreitas, em 25/05/2021.

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