De segunda a sexta, josé raimundo subia o morro da igreja de conceição da boa vista, mg, passando pelo cemitério situado atrás, pra roçar o pasto, que ficava mais adiante. Isso era sagrado, toda manhã tomava o seu café e ia direto pro trabalho, com a sua foice bem afiada. Assim, raimundinho, como gostava de ser chamado, fazia o seu ofício com muito gosto, porque a renovação do pasto é muito importante, além de controlar a altura do capim, favorece a pastagem do gado. Pois é, nas suas arrancadas até o local de labuta, nunca se deparou com ninguém, o trajeto era feito num silêncio sepulcral e, por falar em sepulcral, num dia muito frio de junho, atravessando na frente do portão do cemitério, de repente, ele ouviu um choro de criança, parou meio assustado, não viu nada, ficou meio cabreiro e seguiu o seu caminho, achando ser coisa da sua imaginação, até porque, muita gente lhe falava que ouvia esse estranho lamurio, também. Deste modo, o tempo passou, mas numa tarde, já anoitecendo, voltando do trabalho, ao chegar perto do cemitério, começou a ouvir nitidamente, o choro de muitas crianças, sem ter um adulto por perto. Completamente apavorado, saiu correndo rente ao muro do campo santo, sentindo o contato de mãozinhas agarrando o seu corpo, como se quisessem pedir socorro. Foi realmente muito assustador!, depois dessa experiência macabra, nunca mais vou trabalhar por aquelas bandas!. contou, raimundinho, dias depois, aos amigos que foram visitá-lo, Os companheiros riram, e tentaram acalmá-lo, Amigo, foi tudo imaginação sua!, Vocês falam assim, porque não estavam lá na hora! retrucou. Desta feita, a história do raimundinho se repercutiu no vilarejo e região, com muita força, chegando aos ouvidos de um brasilianista estadunidense, willian joseff, que se interessou pelo caso. Depois de muita pesquisa em manuscritos antigos, encontrados na sacristia, uma página quase ilegível trouxe à tona a elucidação do caso, não podia ser outra coisa, pois tratava-se de um cemitério à parte, só para crianças que morriam pagãs, antigamente eram tantas, que não dava nem tempo de batizá-las, como manda a santa madre igreja. Após esta revelação cabal, um padre foi requisitado, sob o aval do bispo, para resolver a questão. E assim, num domingo, antes da missa matinal, o sacerdote, reunindo os fiéis, jogou água benta, e proferiu, Eu batizo todas as crianças que foram enterradas aqui em nome do pai, do filho e do espírito santo!. Depois deste dia, ninguém ouviu mais choro de criança naquela parte do cemitério
NOTA, história baseada nos dados fornecidos pela minha irmã, janine. Brasilianistas são estudantes estadunidenses que se interessam pela história das minas gerais.
FOTO: vista panorâmica da frente da igreja nossa senhora da conceição, com o cemitério atrás.
Anibal werneckfreitas,
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