segunda-feira, 17 de maio de 2021

DE COMO AS HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO NOS FASCINAM E NOS AMENDRONTAM AO MESMO TEMPO.

 

Recreio, MG, no final do século XIX, era apenas as fazendas das Laranjeiras e a do Recreio, propriedades dos irmãos, Capitão Inácio e Ferreira Brito, que deixaram o trem dos ingleses passar rumo ao progresso do lugar. Pois bem, voltando mais no tempo, durante a escravatura, a Igreja fazia vista grossa em relação ao sofrimento dos escravos nas mãos dos seus senhores, muitos eram emparedados vivos nas construções de templos, casarões e até senzalas, para se obter uma estrutura mais consistente, daí a razão desses edifícios terem um ambiente muito carregado. Em Abaíba, distrito de Leopoldina, MG, nos restos de uma senzala considerada mal-assombrada, muita gente dizia que ouvia, durante a noite, gritos, lamentos e prantos. Em Recreio, por sua vez, a Escola Estadual Olavo Bilac é considerada mal assombrada, também, porque foi erigida encima do antigo cemitério da cidade, substituído por outro, fora do perímetro urbano, afim de evitar um contágio maior da febre amarela, que assolou o Rio de Janeiro, no início do século XX. Enfim, neste prédio escolar, considerado mal-assombrado, eu tive duas experiências fantasmagóricas. A primeira, foi numa noite tranquila, os alunos estavam em sala de aula, quando levei o maior susto, com uma aluna, saindo apavorada da biblioteca, quase me atropelando, gritando meia-engasgada, Tem uma assombração na biblioteca, eu vi!!!. O susto foi tão grande, que a moça precisou tomar um copo d’água, com açúcar, na cozinha. Como eu era diretor do educandário, na ocasião, não contei nada pra ninguém, afim de evitar maiores problemas. Agora, quanto à segunda, pelo que eu me lembro, eu já estava me preparando pra dormir, e o telefone tocou, Diretor, a última sala da parte de cima da escola está com a luz acesa!. Agradeci e fui, não havia uma viva alma na rua, chegando, abri a porta e entrei, na mesma hora senti uma pressão muito forte sobre mim, parecendo impedir a minha caminhada pelo corredor da biblioteca, estava tudo muito escuro, não acendi nenhuma lâmpada pra não chamar a atenção da vizinhança, e, deste modo, atravessei o pátio, subi a escada, sempre com alguma coisa me incomodando, ganhei o corredor de cima, fui até a última sala, apaguei a luz e voltei. Minha amiga e meu amigo, a volta foi pior, só de me lembrar fico todo arrepiado, ao descer a escada, comecei a perceber vultos me seguindo, não sei se foi impressão minha, mas foi muito assustador, fiquei com muito medo, porque ninguém é de ferro, me pareciam muitos atrás de mim, talvez, querendo me pegar, e assim, assustadíssimo, cheguei a correr de tal maneira que, quando dei por mim, já estava na rua, completamente aliviado, dando aquele, ufa!. Chegando em casa, contei, esbaforido, tudo pra minha esposa.

FOTO: Prédio da Escola Estadual Olavo Bilac, de Recreio, MG.

NOTA, Caro leitor e leitora, está aí a razão pela qual eu gosto de contar histórias de assombração, eu me sinto muito envolvido a este tema, inclusive na minha própria vida, aliás, todos nós somos protagonistas de histórias assim, o problema é que muita gente não se abre, porque tem medo dos outros pensarem mal, o que não é o meu caso, afinal, isto faz parte da vida de todos nós. O pensador, William Shakespeare, tem uma frase que diz tudo, Existem coisas entre o céu e a terra, que a nossa vã filosofia desconhece!.

 

Anibal werneck de freitas, em 2021.

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