confesso que ponho muita água no feijão, pois é, desta vez, resolvi contar um caso verídico, que aconteceu comigo, quando dei aula no joão XXXIII, até o colégio fechar. nele, aprendi muito com a dona nice, minha inesquecível diretora, mulher inteligente, que ia sempre nos meus recitais. voltando ao assunto, naquela época, as salas de aula não atingiam nem a metade do edifício, devido a isso, os banheiros masculino e feminino ficavam um pouco distantes das salas, gerando um certo medo nos alunos menores, tanto assim que eles diziam sempre pra mim, 'professor, eu tenho medo de ir ao banheiro, só vou porque não tem outro jeito, a gente chega nele e já sente uma presença estranha'. confesso que eu não dava muito crédito, todavia, o assunto do espírito que fazia rir era constante, e tem mais, o espírito tinha até nome, seu godinho. na hora do recreio, quando os professores estavam tomando café, o assunto mais comum era com a disciplina, porque os alunos pequenos estavam rindo muito nas aulas, era o tal de um olhar pro outro e começar a rir baixinho. na verdade, eu achava que era simplesmente coisas da idade. no entanto, uma vez, eu vi uma menina saindo correndo do banheiro, muito assustada e pálida, perguntei-lhe o que tinha acontecido, e ela me respondeu, 'professor, um homem baixinho e gordinho, lá dentro, olhou pra mim e sorriu, deve ser o seu godinho, só pode ser ele, estou com muito medo!'. acontece que, devido ao fato do espírito ser simpático, e não fazer mal a ninguém, os discípulos foram se acostumando com ele. porém, apesar de tudo isso, eu ainda achava que era pura imaginação da meninada, até no dia em que aconteceu comigo. pois bem, era uma daquelas tardes quentes de recreio, eu estava dando aula pra sexta série, uma turma bem pequena, e assim, fui pro quadro, e passei um dever de sala de aula, todos estavam no maior silêncio, dava pra ouvir uma mosca voando, o interessante é que toda a escola estava, também, assim, no maior silêncio sepulcral, se me perdoem a comparação funesta. enfim, tudo estava sob controle, todavia, de repente, uma aluna olhou pra outra, e começou a rir baixinho, em poucos segundos contagiou a sala inteira, sobressaltado, perguntei, 'o que está acontecendo?'. imediatamente, veio a resposta, 'o seu godinho está aqui fazendo a gente rir, ele é muito engraçado!', uns pareciam vê-lo, e riam mais ainda. da minha parte, tive uma sensação muito esquisita, era muito real, não dá nem pra explicar, e, o que mais me chamou a atenção foi que, num passe de mágica, todos pararam de rir, continuando a fazer os exercícios, como se nada tivesse acontecido. foi uma experiência assustadora, donde concluí que tinha vivenciado um momento simplesmente transcendental, o qual nunca mais esqueci.
FOTO: o meu recital, peregrino, no salão do colégio do joão XXIII, em 1980. na frente, minha esposa alice e o meu pai antônio hygino, e no fundo, a dona nice e a dona íris, conferindo as letras das músicas, bons tempos que não voltam mais.
anibal werneck de freitas, em 15.06.2021
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