domingo, 24 de março de 2019

O CORUJÃO (Antonio Hygino de Freitas)


O Corujão era irmão do Seu Nino e tocava na Banda de Música da cidade. O Seu Nino era ferroviário. Sei até de uma boa do Seu Nino, mas vou deixar pra outra ocasião. Nossa história começou quando eu abri um bar lá na rua João Perilo. Era um barzinho numa casa antiga com telhas de barro. O assoalho era de tábuas corridas, em péssimo estado. Pois bem, voltando ao Seu Nino, ele era maquinista na Estrada de Ferro Leopoldina. O Seu Nino chamava o Corujão, de Dinho. Nessa ocasião, Recreio não tinha calçamento, e eu nem era ainda casado com a Wanda. A Praça Américo Simão tinha uns prédios que ainda estão lá do lado esquerdo para quem sobe pra igreja e o doutor Darcy morava num deles. Do lado de cá, tinha o casarão do Celino que existe até hoje, na frente da escola Olavo Bilac, tinha também o da família Melido que não existe mais. Perto desses casarões havia um barranco, que chegava até à linha do trem. Com o calçamento da rua, o barranco foi nivelado. Antes do nivelamento, eles empilhavam toras de madeira, acima do barranco para facilitar o carregamento do trem. E assim eles formavam uma grande pilha de madeira. Pois bem, é aí que entra a história do Corujão. Quando chegava o frio, esse tal de Corujão, vestia uma roupa preta, com um capote de cor escura, subia nas toras empilhadas e lá ficava de cócoras esquentando no sol. As pessoas paravam na rua pra ver o Corujão. Sendo assim, um dia perguntei a uma pessoa próxima, O que era aquilo?, ela me respondeu, Parece mais com um Corujão. Não deu outra, o apelido pegou. Daí pra frente as pessoas passavam e gritavam, Corujão!!! E quando ele se irritava, o pessoal gritava mais ainda. Agora, cá com os meus botões, O homem parecia mesmo com uma coruja grande.

NOTA, eu gravei o meu pai, Antonio Hygino de Freitas (in memoriam), contando essa história interessante de um Recreio Antigo. Na foto, meu pai, Antonio Hygino de Freitas e minha mãe, Wanda Werneck de Freitas.

Anibal Werneckfreitas, 24/03/2019.

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