terça-feira, 26 de março de 2019

ESPIRRO (Antonio Hygino de Freitas)


O Édson Consendey ia muito em minha casa e eu comprava leite, dele. Ele tinha um irmão, do Rio de Janeiro ou de Niterói, que vinha muito a Recreio. Mal chegava, ele corria logo pro Café Sto. Antônio, rua Conceição, 65, pra jogar totó com os dois filhos do irmão. Eram dois sobrinhos, um maiorzinho e o outro, menorzinho. Infelizmente, o maior veio a falecer mais tarde num desastre de automóvel. Pois bem, voltando ao assunto, o sobrinho pequenininho não dava o menor sossego ao tio, que estava jogando, correndo de um lado pro outro, batendo nos bonecos, fazendo a maior farra. O  tio zangava com ele, Para com isso, menino!!!, não é a sua hora não!!!. Mas o menino não parava. Vendo aquilo, falei pro garoto, Ô, cara, você parece um espirro! Parece mesmo!, retrucou o tio. Como se não bastasse, nesse meio tempo, chegava o Oninho (futuro prefeito de Recreio) e fazia aquela festa.
Passados muitos anos, este menino que falei parecer mais com um  espirro, foi pro Rio e se formou médico. Todas às vezes que eu perguntava por ele, seu pai me respondia, não usando o nome de batismo dele, e sim,  Espirro. Pois é, o tempo foi passando, passando, passando e, num belo dia, me apareceu um estranho, um rapaz bem formado, no Café Sto. Antônio, batendo no balcão e dizendo, Ei, como é que vai aí?, como é que vai o Café Sto. Antônio?. Respondi, Não é mais Café Sto Antônio, é uma papelaria, agora, mas... quem é você?. Ele me respondeu sorrindo, Você não lembra de mim?, eu sou o Espirro.

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