segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

CELINO (1915 - 2010)

CELINO
 
Hoje, onze de novembro de dois mil e dez, a terra recebeu em seu seio, o corpo pequeno de um gigante na alma, sua partida elegeu o vazio no coração daquele que, como eu, o conheceu de perto, um homem que conhecia as pessoas como a palma de sua mão, acertava em cheio o coração daqueles que dele se aproximavam, com o seu jeito feliz de ser.
Nos bons tempos, participava de tudo, gostava de colaborar com o que lhe era proposto, antes de refutar ou aprovar qualquer coisa, procurava primeiro, entender e aí, sempre batia o martelo. Eu mesmo vivenciei isso, enquanto muitos ignoravam minha arte, ele surgia poderoso como ninguém e dizia, Vou levar você pra tocar na minha confraria, Eu ia e todos, respeitosamente, me ouviam. Certa vez, num domingo, no quintal de sua casa, a seu convite, gravei numa fita K-7, o som do seu violino que no momento tive a honra de acompanhá-lo ao violão, foi um convite feliz, graças a ele, hoje temos, talvez, o único registro completo da sua arte. Celino era músico até no nome, Ce de Cello e Lino de Violino.
Seu conhecimento musical era vasto, aprendi muito com ele, Anibal, para escrever música você deve observar o compasso, oito, dezesseis, trinta e dois e sessenta e quatro, música é pura matemática, mas na hora de executá-la, é o som da alma que sublima, Assim, me ensinava pacientemente, com muita sabedoria, aprendi muito, confesso.
Agora, envolto no mistério da morte, Celino é um nome, que estará como sempre esteve no meu cantar, e acredito, no de muitos também, é uma pedra que marcou o meu caminho, entre o antes e o depois, posso dizer com todo o respeito, que a minha vida musical o tevecomo um marco histórico, ou seja, a. C. e d. C.
A indiferença aparente da natureza para com o passamento é angustiante e, quando o corpo desce ao chão, ela mostra a realidade nua do nunca mais, pelos menos para os que ficam, infelizmente, não temos a certeza de que há vida depois, mas, em compensação, temos a de que valeu a pena conviver com alguém tão especial, ser testemunha ocular de um ser humano como o Celino, gente que brilhou como estrela, não no céu, mas aqui na Terra.
Celino, sua vida foi um grande exemplo que ficará, certamente, impregnado em nossos corações.

Aníbal Werneck de Freitas, em 11/11/2010.

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