sábado, 7 de agosto de 2021

DE COMO A TROMBA D’ÁGUA DE 1948 ASSUSTOU MUITA GENTE EM RECREIO, MG, NAQUELA OCASIÃO.



Esta história começa com a minha mãe, Wanda, me contando assim: "De manhãzinha minha mãe, Luíza, me acordou: “Wanda, está muito escuro e vem uma tromba d’água”. “Aí, eu me levantei rápido, chamei o Antônio, peguei o Anibal, de seis meses, saímos da casa, e, na rua começou aquele movimento, e assim nós fomos pra Dona Eliza Pessamiglio, ela morava na parte alta da cidade, mas daí a pouco, veio um rapaz gritando pela rua, dizendo que a água já estava no bairro do Botafogo, e deste modo, vimos uma moça da Avenida Santa Izabel, que era noiva, subir o morro, carregando o enxoval dela, enquanto isso, momentos depois, apareceu um outro moço falando que era mentira, não tinha nenhuma enchente no Botafogo, a água tinha ido para Pirapetinga, sendo assim, perguntei ao Antônio, se ele tinha fechado as portas da casa, e ele me respondeu que não, o susto foi muito grande, mas tudo terminou bem”. Pois é, a tromba d'água de 1948, conhecida pelos recreienses, como de Abaíba, na verdade caiu em Providência(MG), na noite de 14 para 15 de dezembro de 48, com as águas indo em direção ao arraial de São Pedro de Alcântara, banhado pelo rio Pirapetinga. Os mais antigos contam, que quando o rio começou a subir sem parar, o céu estava completamente azul e, por isso, as pessoas do lugarejo foram completamente surpreendidas, ou seja, das 400 almas, mais de 100 perderam a vida. Pois é, segundo a minha mãe, as pessoas ficaram com medo da terrível enchente ir pra Recreio e isto acabou traumatizando muitos recreienses. Tanto assim que, naquela época, quando armava um temporal, todo mundo corria pro alto dos morros. Na minha infância, por exemplo, eu me lembro da saudosa Dona Íris, nervosa, saindo do Cartório, e no meio da rua, policiando as nuvens escuras, dizendo: "Meu Deus, tomara que esta chuva não seja como a de Abaíba!

NOTA: Os dizeres iniciais da minha mãe estão gravados com a sua própria voz, mostrando assim a realidade do fato, ou seja, o que realmente aconteceu naqueles fatídicos dias de 14 para 15 de dezembro de 1948.

Anibal Werneck de Freitas, em 07/08/2021.

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