quinta-feira, 26 de agosto de 2021
DE COMO MEU AMIGO THEOTÔNIO ME ASSUSTOU, NUMA DAS NOSSAS COSTUMEIRAS CAÇADAS DE RÃS, NA CIDADE DE RECREIO, MG.
Normalmente, minhas histórias são sempre meias-verdades, todavia, esta não é, porque eu a vivenciei junto com o meu amigo, Theotônio, que já não se encontra mais entre nós.
Tanto ele, quanto eu, tínhamos pouco mais de 20 anos. Gostávamos muito de pescar no ribeirão dos Monos e caçar rã no córrego, que corta a cidade de Recreio(MG), passando por debaixo de casas e ruas.
Certa vez, mais ou menos, às 10 horas da noite, nós estávamos pescando traíra na propriedade do Flávio e de repente, caiu um toró daqueles, com raios e trovões. Como loucos, saímos correndo, mas tinha uma vala no meio caminho, já se enchendo d'água morro-a-baixo. Meu amigo conseguiu atravessá-la, no entanto eu fiquei estagnado nela, pedi socorro, ele me deu a mão e assim saí do sufoco, foi por pouco.
Na verdade, o nosso hobby principal era caçar rã, valia a pena, porque o sabor da carne é muito especial. O momento propício para a caça era durante a noite, e, para nos proteger melhor, usávamos uma blusa de manga comprida, uma calça longa e uma meia grossa embebida num caldo forte contendo alho e cebola para espantar cobras. Além de tudo isso, usávamos uma lanterna e uma fisga para espetar a rã. Como se não bastasse, tínhamos que saber distinguir a rã do sapo, não era muito difícil, porque a rã é maior, mais carnuda e a sua pele mais clara.
Naquela época ainda não tinha ranários como hoje, uma prova de que o sabor da rã é muito apreciado, e, por isso mesmo, tínhamos que caçá-la a todo custo.
Já ia me esquecendo, para efetuar esta caçada era preciso iluminar a presa com a lanterna e fisgá-la na margem do córrego, onde ela gosta de ficar, no entanto, algumas vezes, a gente acabava se atolando e, consequentemente, caindo n'água, virando assim uma diversão.
Pois é, eu me lembro como se fosse hoje. Certa feita, eu e o meu parceiro, estávamos no ribeirão do matadouro, dava pra ver o cemitério à nossa direita, e, das catacumbas pareciam sair fagulhas em direção ao céu, mas nós não ficávamos assustados, pois sabíamos que se tratava do fogo-fátuo, ou seja, chamas azuis que saem da matéria orgânica em putrefação, entrando em combustão com o oxigênio, e que nos pântanos, também, ocorre o mesmo fenômeno.
E assim, tudo corria tranquilamente, o meu amigo na frente e eu atrás à procura de rãs, e, já estávamos com muitas no embornal, quando aconteceu o imprevisto.
Silenciosamente, continuamos avançando, todavia, de súbito, o Theotônio com os olhos arregalados, virou pra mim, e gritou, Corra, corra, tem uma luz vindo em nossa direção, rente à água!!!. Confesso que fiquei tão apavorado, que me pareceu vê-la, também, e, deste modo, saímos correndo desesperadamente, subindo até o pontilhão do trem, e ganhando a Avenida São Joaquim.
Pois é, daí pra frente, não me lembro de mais nada, só sei que estou aqui contando o que vi, pra vocês, meus caros leitores.
NOTA: Dedico esta história ao meu saudoso amigo, Theotônio Ribeiro Werneck.
FOTO: Ribeirão dos Monos, extraída do site da Prefeitura Municipal de Recreio, MG.
Anibal Werneck de Freitas, em 26.08.2021
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