quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A Procissão das Almas.


Aconteceu em Mariana-MG, um fato muito curioso, ou seja, a procissão das almas. Tudo começou com uma senhora bastante devota, que tinha o costume de ficar na janela de sua casa, olhando a rua deserta, com o terço nas mãos, todas as noites. Numa noite dessas, ela resolveu ficar mais tempo do que era de costume e a rua estava muito escura, porque não tinha lua e naquela época, a iluminação era a base de lampiões, em postes distantes uns dos outros. Pois bem, nessa noite, de repente, ela viu um grupo de pessoas emergindo do escuro, entrando na sua rua e passando tal como uma procissão na frente de sua janela. Ela se assustou muito com o que via, porque nenhum sino das igrejas tinha anunciado tal ato religioso e ela não conseguia reconhecer ninguém daquela estranha procissão, estavam todos de capuz com uma roupa longa branca, que cobria todo o corpo. Era realmente uma visão do outro mundo, ouvia-se o barulho de correntes sendo arrastadas, matracas, murmúrios horripilantes e todos traziam uma vela acesa nas mãos. Mesmo com muito medo, ela continuou olhando a aterrorizante procissão. Num dado momento, ela notou que um dos passantes saiu do dantesco cortejo e foi até à sua janela e sem nenhuma cerimônia, o estranho ser lhe deu uma vela, dizendo que voltaria para buscá-la. Foi tão rápido que ela não viu o rosto daquela estranha criatura, se é que tinha rosto. Muito assustada, naquela noite teve pesadelos terríveis. No dia seguinte, ao acordar, foi ver a vela e no lugar dela estava um osso humano. Muito apavorada, correu até à igreja mais próxima e contou tudo pro padre que, sem pestanejar, lhe deu o conselho de não contar nada pra ninguém e continuar na janela apreciando a rua. Sendo assim, numa daquelas noites lúgubres, o fantasmagórico cortejo apareceu de novo e dele saiu um indivíduo cadavérico em direção à sua janela e disse com uma voz cavernosa, Vim buscar o que lhe dei e que isto lhe sirva de lição, porque tem coisas que os vivos não podem ver de forma alguma!

Anibal Werneckfreitas, em 21/08/2019.

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