quarta-feira, 12 de abril de 2023

CONTO QUE TE CONTO [DE COMO UM HOMEM ESTRANHO CHAMADO GUMERCINDO ASSUSTOU A VILA INTEIRA DE BOA VISTA, NO FINAL DO SÉCULO XX.]

 


No povoado de Boa Vista, conhecido como um lugar cheio de mistérios e assombrações, são inúmeros os casos fantasmagóricos contados pelos mais velhos, como este ocorrido no final do século XX, precisamente em 1992, começando assim. Naquela época, havia um homem bastante esquisito, que tinha a mania de abordar as pessoas na estrada de chão, que dava pra comunidade de Taquara, e, isto ocorria sempre de noite, porque do nada, ele se aproximava das pessoas pra oferecer um cafezinho na casa dele, que ficava escondida atrás duma capoeira.
Todas as vezes ele se identificava como Gumercindo, assustando assim muita gente, e ninguém ousava ir até a casa dele.
Outra coisa que intrigava as pessoas, era o fato deste indivíduo nunca ter sido visto durante o dia, ninguém sabia nada sobre ele.
Conta Raymundo, que certa noite estava no local, onde ele aparecia, com muito medo, esperando a camionete do Seu Altamiro pra voltar pra casa.
Deste modo, ficou mais ainda, quando viu um vulto saindo da escuridão, vindo em sua direção, e já lhe perguntando, Amigo, você está perdido?
Desconfiado, Raymundo respondeu que não, apenas aguardava uma camionete pra voltar pra sua residência.
Olhando firme pra ele, o desconhecido continuou, Você não quer tomar um cafezinho na minha casa? Raymundo disse que não, alegando que poderia perder a sua condução, e que outra hora aceitaria o convite. Sem mais palavras, o misterioso homem entrou no mato, e sumiu.
No dia seguinte, Raymundo contou a história pros seus amigos, e, aproveitando a situação, os convidou pra fazer uma visitinha ao enigmático Gumercindo, com a intensão de elucidar de vez, este incômodo. E assim, já bem noitinha, rumaram em direção à casa do dito cujo.
Chegando no local em que o estranho indivíduo aparecia, entraram na capoeira, usando tochas e facões pra iluminar e desimpedir o caminho.
Minutos depois, com muito custo, chegaram a um
descampado. Não tinha nenhuma casa, apenas um muro ao longe. Sem perda de tempo, correram em direção a ele, e acabaram se deparando com um túmulo bastante deteriorado pelo tempo, com uma inscrição na lápide, GUMERCINDO SOARES MENDONÇA (1908 – 1980).
Não deu outra, assustados, saíram correndo de volta ao lugarejo, com a nítida certeza de que o Gumercindo era uma alma penada, tanto assim que, no dia seguinte, uma missa foi rezada em sua intenção, e o seu túmulo foi completamente restaurado.
A partir daí, Gumercindo nunca mais apareceu para assombrar ninguém.

Anibal Werneck de Freitas, JF, em 12.04.2023

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