domingo, 17 de janeiro de 2021

ANTÔNIO HYGINO DE FREITAS (1915-2011)

 


Quando o meu pai, Antonio Hygino de Freitas, fez 85 anos, o Mar de Morros o entrevistou e foi muito interessante o que nos contou.

Ele nasceu em Barreiros, na Fazenda Santa Rita de Cássia, num lugar chamado, Monte Cristo, no dia 15 de agosto de 1915, filho de Ana Maria Hygino de Freitas e Filipe de Freitas e seus irmãos, Sebastiana, Custódia, Guilhermina, Quirino, Jair, Ricardo e Jaci.

Com 6 anos foi para a Escola Pública de Conceição da Boa Vista e a sua primeira professora foi a Dona Vivita.

Dos 7 aos 8 anos ajudava a mãe a vender doces e salgados nas famosas festas religiosas do lugar, além disso, acompanhava as meninas que trabalhavam na roça e ganhava 200 réis por dia.

Depois dos 15 anos foi pra Recreio(MG) trabalhar no bar da estação ferroviária, a cidade não tinha uma rua calçada, até carro de boi agarrava no atoleiro.

Devido à Revolução de 30, Recreio recebeu muitos soldados, que se acamparam no jardim, e assim, meu pai, que trabalhava na padaria, passou a levar pão e café pro acampamento militar, e, segundo ele, no arroubo da juventude, queria também ser um soldado, mas o comandante sorrindo lhe dissera, Antônio e quem vai servir o nosso café com pão?

Naquela época, Recreio era o entroncamento de trens mais importante da região e, com medo de uma guerra, muita gente fugiu pro mato, até o gerente do Banco Ribeiro Junqueira, muito apavorado, saiu correndo sem as calças.

Na década de 40, meu pai chegou a trabalhar na Estrada de Ferro Leopoldina, todavia, acabou saindo a pedido de sua mãe, porque estava ocorrendo muitos acidentes com ele.

Um deles, ele mesmo conta, Vindo de Itaipava o trem desce a Serra de Petrópolis até Areal, acontece que no descer, a máquina estava acelerando muito e eu como guarda-freio fui obrigado a frear todos os carros, pulando de um vagão pro outro, mas numa curva eu fui arremessado pra fora do comboio e rolei encosta abaixo caindo dentro de uma vala dos trilhos, por onde o trem ia passar naquele momento, sendo assim, abaixei a minha cabeça e esperei o dito cujo passar, salvando a minha vida.

Depois deste acidente, meu pai voltou pra Conceição, mas logo em seguida foi chamado por um italiano pra trabalhar na sua padaria, em Leopoldina(MG).

Nesta época, o mundo estava na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tanto que quando ela acabou, meu pai e minha mãe, Wanda Ferraz Werneck de Freitas, que se conheceram nesta padaria, foram obrigados a ficar dentro do estabelecimento com as portas fechadas, porque os brasileiros na estrondosa comemoração, estavam quebrando todas as placas das casas comerciais de italianos.

Em 1947 casou-se e deste enlace nasceram os filhos: Anibal, Marco Antônio, Janine, Antônio Carlos e Ana Luísa. Neste período, montou o Café Sto. Antônio, na Rua Conceição (Recreio), comprou uma casa, onde hoje moram minha mãe Wanda e as minhas irmãs Janine e Ana Luísa.

Nos anos 60, estudou com a minha mãe um curso pra aprender a consertar rádio, chegou a montar um negócio com o amigo Milton Marques, um músico excelente do piston.

Depois de 1970, aposentou-se como autônomo no enquadramento de 20 salários.

Quando fez 90 anos, ficou muito feliz com a festa que a família fez pra ele, com a participação dos seus parentes.

Como faz parte da vida, aos 94 anos, nos deixou no dia 11 de agosto de 2011, quase no dia do seu aniversário.

Agora ele está no Céu, porque a família sempre o amou muito, deixando-nos boas recordações.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário