domingo, 1 de setembro de 2019

Fora, Filin, fora!


No comecinho do século XX, em Leopoldina-MG, havia nesta época  uma dança muito popular chamada Caxambu, que os jovens apreciavam muito.
Pois bem, nossa história começa com um pretinho de voz fraca e franzino chamado Filin. Era metido a cantador, mas ninguém lhe dava crédito. 
Quando não estava na roça trabalhando, Filin passava o dia inteiro na sua casinha de sapé, num morro, hoje conhecido como Alto da Ventania, cantando ao som de sua desafinada viola.
Mesmo com todo este afinco, ele não conseguia agradar ninguém. Muitos de forma sarcástica, chegavam rindo, na sua janela e diziam, Filin, vá pra roça trabalhar, porque sua viola é a enxada!, e, como até hoje, o provérbio antigo já vigorava, Santo de casa não faz milagre! 
Mesmo assim, Filin prosseguia na sua luta sem nenhum reconhecimento. Além de músico muito limitado, sua voz fraca não atendia ao padrão, vozeirão, daquele tempo. 
Sendo assim, no dia 13 de maio de 1904, comemorando a Abolição da Escravatura, um grande cantador da Zona da Mata, cognominado, Mazagão, estava programado para dar o seu show, no salão de dança principal da cidade. 
Acontece que, naquela ocasião, as estradas regionais eram ruins e poucas, de modo que os atrasos eram constantes. 
Pois bem, na hora do evento, o salão estava lotado, mas o famoso Mazagão não chegava e o pessoal começou a ir embora. Foi aí que o Filin, pra salvar a festa, pegou a sua viola e foi direto pro palco, todavia, quando ia começar a cantar, Mazagão já estava vindo em sua direção. 
O pessoal vendo isto, não se conteve, e começou a cantar, Fora, Filin, fora!, Mazagão chegou agora! Fora, Filin, fora!, Mazagão chegou agora!, e desta maneira, zombaram muito do pretinho, naquela triste noite.
No dia seguinte, Filin desapareceu e ninguém sabia do seu paradeiro. Pois é, neste dia, o povo, arrependido, sentiu muito a sua falta.

anibal werneckfreitas, em 01/09/2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário