domingo, 1 de setembro de 2019

Coisas estranhas que acontecem com a gente.


Esta história realmente aconteceu comigo. 
Tudo começou quando eu passei no concurso estadual pra dar aula em Pirapetinga-MG, na E. E. Capitão Ovidio Lima, durante 2 anos probatórios.
Assim que cheguei nesta cidade, meu primo, virou pra mim e disse, Eles vão te procurar. Confesso que não levei a sério, mas não deu outra. 
No restaurante que eu almoçava em frente ao colégio, um figurão da política local, que eu já conhecia de velhos carnavais, se aproximou de mim e de chofre me perguntou, Você pretende ficar aqui? Pra mim foi um desrespeito, sendo assim lhe respondi no mesmo tom, Não, não pretendo ficar, minha vontade é voltar pra Recreio!
Meu primo estava certo, descobri que a cidade tinha dono, um absurdo!
Agora, o fato mais curioso que me ocorreu nesta ocasião foi no ônibus de Recreio até Pirapetinga, passando por Volta Grande. No veículo não ia quase ninguém e o trajeto era longo e cansativo.
Não sei por que cargas d'água, um negro magro de estatura acima da mediana, parou o coletivo, entrou e veio sentar justamente ao meu lado. Não sei se ele queria me assustar. Do nada começou a falar em voz alta,  Fui escravo na minha reencarnação passada e morri em 1867, eu era reprodutor em uma fazenda e dei muito trabalho pros capatazes, porque eu brigava muito com eles e vivia fugindo.
Às vezes ele falava de forma agressiva, todavia, calmamente, eu dava corda, fazendo perguntas dentro do meu conhecimento a respeito do cotidiano na senzala e na casa grande.
Sem mentira nenhuma, cheguei até me arrepiar, ele me respondia todas, com uma precisão incrível.
Mas o mais assustador, estava para acontecer.
Quando o ônibus passava em frente a uma antiga fazenda de café, do século XIX, em ruínas, ele olhou nos meus olhos e apontando para uma enorme árvore secular, na frente do casarão, desabafou, Tá vendo aquela árvore, eu fui morto a machadada, covardemente, debaixo dela.
Dizendo isso, de modo chocante, parou o ônibus e em silêncio, desceu. O mais intrigante foi que pela minha janela não o vi mais.

Nota, É bom lembrar que este homem não me pareceu drogado e muito menos bêbado. Perguntei ao motorista se ele o conhecia, mas a resposta foi não. A única coisa que me disse foi o seguinte, De vez em quando ele aparece e desce sempre neste ponto da estrada, já até nos costumamos com suas histórias, todavia, ninguém sabe nada a seu respeito.

anibal werneckfreitas, em 02/09/2019.

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