terça-feira, 3 de setembro de 2019

A Lenda da Mulher-Cobra


Desta vez a lenda se refere a uma mulher diabólica e escravista, que tinha um ciúme mortal do seu marido, um fazendeiro de muitas terras e escravos.
Esta fatídica história começou quando essa mulher ruim percebeu que uma escrava muito linda estava chamando a atenção do seu senhor.
Ela era tão perversa que quando um escravo fazia algo errado,  mandava açoitá-lo no tronco até a morte. A bem da verdade, vivia contrariando as ordens do seu amo, parecia que era a dona de tudo.
Deste modo, essa escrava bonita era vigiada dia e noite, mas a demoníaca mulher nunca descobriu nada que a comprometesse em relação ao seu cônjuge. Seu ciúme era doentio.
Em certo dia, estando-lhe ao alcance das mãos o recém-nascido dessa escrava suspeita, ela, iludindo a vigilância dos presentes, meteu a criança no braseiro do forno que preparava para assar mercadorias da fazenda, e ali se conservou até que o fogo destruísse os últimos vestígios de seu crime. Como se tratava da morte dum filho de escrava, ficou tudo por isso mesmo.
Quando essa odiada mulher morreu, tirando a família, quase ninguém foi ao seu enterro. Seu túmulo ainda visível no cemitério de um povoado próximo, muitos anos após, fendeu-se, e, por uma dessas fissuras, penetrou uma enorme surucutinga, que ali também se acomodou.
Então, a esse fato, atribuíram fazendeiros e negros das redondezas, ter a mulher, pela sua maldade, se transformado naquela serpente.
Para não sair do túmulo e assustar as pessoas, este, foi cercado por uma corrente que tem o poder de isolar coisas do outro mundo.
Mentira ou não, este túmulo cercado por corrente está lá no cemitério de Conceição da Boa vista até hoje.


Nota, Esta lenda da Mulher-Cobra está no livro, Sertões dos Puris, de Heitor de Bustamante. O povoado próximo nesta história é Conceição da Boa vista, localidade muito importante naquela época, porque na Semana Santa atraia gente de todos os lados.
Pra concluir, este conto foi inspirado encima da colaboração de Celso Lourenço, no fanzine, Mar de Morros, abril de 2002.
anibal werneckfreitas, em 03/09/2019.

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