sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

DE COMO OTACÍLIO ENCONTROU UMA MENINA DE 6 ANOS, SOZINHA NA RUA, DURANTE SUAS ANDANÇAS EM PLENA MADRUGADA, NUM POVOADO DAS MINAS GERAIS.



Otacílio gostava de sair pelas ruas do seu povoado durante a noite, devido a brisa que lhe fazia muito gosto. Numa dessas andanças noturnas, deparou-se com uma menininha negra vestida de branco que, olhando pra ele demoradamente, lhe perguntou: O senhor não tem medo de sair a estas horas?. Otacílio achou muito engraçado e: Você, uma menininha, o que está fazendo aqui sem os seus pais, qual é o seu nome? A garotinha sorriu e: Marian, tenho seis anos! E deste modo, sem mais, nem menos, ela saiu correndo, sumindo na escuridão. Otacílio a procurou em vão por muito tempo, cansado voltou pra casa. Não se dando por vencido, Otacílio no dia seguinte resolveu procurar o paradeiro da criaturinha, até porque a vila era muito pequena, mas mesmo assim não conseguiu nada, nenhuma pista, e isto o deixou triste e bastante preocupado, todavia não desistiu, visitou todas as casas do vilarejo, incluindo a área rural e nada da moleca. Já estava perdendo a esperança, quando uma ideia genial brotou na sua mente, iria procurar o padre e vasculhar todos os documentos da igreja, para encontrar pelo menos um registro de Batismo. E assim, procurando o Padre Joaquim, este lhe deu toda a liberdade de vasculhar a papelada. Deste modo, Otacílio começou pelos mais recentes. Foi uma tarefa hercúlea, porque o distrito era muito antigo. É bom lembrar que o nosso incansável procurador estava em pleno início do século XXI, mais precisamente em 2014. Otacílio arrumou até uma equipe para ajudá-lo, e assim vararam meses afincos, procurando pelo batistério de Marian, até que um dia, Rogério, um dos que procuravam, assustou todo mundo, com um grito dilacerante: Achei, achei! Todo mundo correu pra perto dele, que continuou em voz alta: Vejam, no meio de muitas Marianas, está aqui a única Mariam, filha de Antônio Paiva Mendonça, um grande produtor de café, com a escrava, Maria Nagô, constando o nascimento dela, no dia 10 de maio de 1896, e de sua morte em 12 de janeiro de 1902. O interessante é que ninguém conseguiu entender porque estes dados estavam deste jeito no livro da lista de batizados da Paróquia de São Joaquim de Angaturama.


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