quinta-feira, 26 de setembro de 2013

HISTÓRIAS DO CAFÉ STO. ANTÔNIO - 1





Eles iam para o Café Sto. Antônio, na Rua Conceição, 65 e, começavam a beber, o Chico Reiff, o Renato Reiff, o Chiquito Guerra e um outro que não me lembro o nome. Só bebiam e não tinham este negócio de mulheres com eles não. Eram só beberrões. E, esse tal de Renato, eu disse pra ele, quando passei meu negócio para a Rua Conceição, pra que ele não bebesse do jeito que ele bebia no Bar Oriente, porque agora o estabelecimento era meu. Mas, mesmo assim, ele tentava fazer e os outros zangavam com ele dizendo para não avacalhar a casa dos outros, mesmo assim ele tentava e os companheiros diziam, não!
Digo isso porque quando eles frequentavam o Bar Oriente, na hora dos tiros eu quase entrava dentro do balcão escondendo das balas. Era uma coisa horrorosa, parecia aqueles salões do Velho Oeste. Tinha, também, um tal de Arcelino que não bebia, bebia sim, café, guaraná, porque eu nunca vi ele beber. Todavia, em compensação, havia um tal de Zé Simão que vivia enchendo os córneos de cachaça e implicando com ele. Deste modo, os dois ficavam discutindo. Daí um mucadinho, os dois encrespavam e cada um arrancava da arma. A sorte é que um não atirava no outro, atiravam pra cima. Se eram combinados a fazer isso, eu não sei. Só sei que assustavam todo mundo. Parecia cinema e, depois, ficava aquela briga por causa de mulher. E tinha um outro - também por causa de mulher - que era boiadeiro, tocava o gado lá pras bandas de Conceição e que chegava no bar e gritava: - "Me dá um cerveja aí!". Aí, vinha um cara que tinha um caso com a mesma mulher e assim, ficava aquela discussão. Nesta hora, a ordem do dono do bar prevalecia: - "Olha, nós estamos aqui é pra atender os fregueses. Se estão querendo brigar, briga lá fora. Dá licença que eu já vou fechar!". Aí eles calavam um pouco. Às vezes, eu fechava o bar e eles ficavam lá fora dando tiros nas árvores. Quando eu estava no Bar Oriente, a gente olhava pro forro e via ele todo furado de bala. Até no Café Sto. Antônio fizeram isso uma vez, mas eu zanguei com eles, uns até proibi de entrar e se eles quisessem impor eu ia dar parte. Aí, o finado Chico Reiff, o mais velho da turma, parece que ele entendia a coisa melhor e dizia: - "Não! Vamos respeitar a casa do rapaz. Não vão fazer bagunça aqui não!". O Chiquito Guerra era o mais calmo. Nunca chegou a dar tiro. As armas eram aquelas garruchas. O forro do Café Sto. Antônio era de bambu e baixo. Subindo numa cadeira, você encostava a mão no forro. Dava pena ver a esteira furada por aquela bala. Foi um tempo danado. Era um faroeste.

Antonio Hygino de Freitas.

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