Tudo leva a crer que a mais
antiga denominação das constelações (conjunto de estrelas) surgiu com os povos
da Mesopotonia, onde as noites tranquilas e estreladas facilitava a observação
dos astros. Hoje, quase ninguém olha para o firmamento e, quando olha, não pode
observar os astros devido à poluição luminosa das lâmpadas elétricas ou a
fumaça originária da queima dos combustíveis fósseis.
Na antiguidade, os astrônomos
achavam que a Terra ficava no centro de uma esfera de cristal. Essa esfera
celeste era cortada por inúmeros círculos que serviam como pontos de
referência. A trajetória aparente do Sol na esfera celeste era chamada de
eclíptica. Movimentando na eclíptica o Sol parava nos extremos (solstício)
assinalando o inverno e o verão. No meio dessa trajetória, havia um dia que
durava o mesmo tempo que a noite (equinócio) da primavera e outono. Dividindo
tal esfera celeste em doze partes, cada uma delas valendo 30 graus, criou-se o
Zodíaco – muito útil para a navegação e agricultura.
As constelações tinham nomes
mitológicos porque nossos ancestrais acreditavam que todo o sistema era
comandado por deuses. Os babilônios assinalavam a constelação de Touro como o
início do ano, ou seja, equinócio da primavera. Ainda hoje, usamos o zodíaco
para assinalar muitas datas do nosso calendário. Por exemplo, sexta-feira da
paixão é comemorada na primeira Lua cheia depois do equinócio da primavera no
oriente. Por isso que a cada ano a comemoração da semana santa muda de data, do
mesmo modo, o carnaval.
As lendas astrológicas da
Mesopotâmia, Caldeia, Grega, Romana, Cristã, continuam a manter nossas
crenças. Os solstícios são comemorados nas festas juninas e no natal. No
equinócio de primavera no calendário cristão se comemora a morte e ressurreição
de Jesus Cristo. Nesse dia, todos rezam e existem proibições que eram cumpridas
religiosamente por meus antepassados (bisavós, avós e tios avós). As filhas
chamadas Maria não podiam pentear os cabelos, os meninos não cantavam, gritavam
ou arrastavam cadeiras para não acordar Jesus. A noite aparecia o lobisomem
uivando e comendo fezes de galinhas. Caçar na sexta feira santa nem pensar.
Quem desobedecesse era castigado indo diretamente para o inferno, sem passar
pelo purgatório.
Meu amigo, Marcus Colbert, relata
que seu tio Michel (apelidado seu Sempre) era um eminente caçador. Para isso,
tinha uma perfeita espingarda e uma competente cachorra, Violeta, especializada
em caçar paca.
Seu Sempre apreciando a lua
cheia, naquela sexta-feira santa, viu
Violeta inquieta junto a seus pés, lembrou da proibição da mãe e decidiu
naquela noite desobedecê-la. Fingindo passear na praça da cidade embreou-se na
mata, espingarda a tiracolo, Violeta abanando o rabo.
O sucesso da caça estava
garantido. Ninguém mais estaria na mata. Até as pacas deveriam saber pelo
brilho da lua cheia e o uivar dos lobisomens que os caçadores medrosos estavam
enfurnados em casa comendo canjica ou
fazendo suas preces. Seu Sempre se postou na trilha por onde a paca passaria,
engatilhou a espingarda, ficou atento ao latido da cadela levantando a caça.
Muito mais rápido do que se podia supor surge uma paca ofegante, olhos faiscando
pelo brilho lua e cumprimenta o caçador:
- Boa noite seu Sempre.
E entra na toca.
Michel desmaia. Segundos depois,
acorda com Violeta lambendo suas mãos, latindo baixinho, rabo entre as pernas
indicando o caminho da casa. ETA MUNDO NUMINOSO.
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