No final do século XIX, a cidade de Recreio-MG, era apenas as fazendas das Laranjeiras e a do Recreio, propriedades dos irmãos, Capitão Inácio e Ferreira Brito.
Pois bem, voltando mais no tempo, precisamente, durante a escravatura, a Igreja fazia vista grossa em relação ao sofrimento dos escravos, nas mãos dos seus senhores,
muitos eram até emparedados vivos como um derradeiro castigo, daí a razão dos casarões mal assombrados.
Em Abaíba, Distrito de Leopoldina, MG, nos restos de uma senzala, muita gente diz que ouve, durante a noite, gritos, lamentos e prantos.
Em Recreio, por sua vez, a Escola Estadual Olavo Bilac é considerada mal assombrada, também, porque foi erigida encima do antigo cemitério da cidade, substituído por outro, fora do perímetro urbano, afim de evitar um contágio maior da febre amarela, que assolou o Rio de Janeiro, no início do século XX.
Enfim, neste prédio escolar, considerado mal-assombrado, eu tive duas experiências fantasmagóricas.
A primeira, foi numa noite tranquila, quando levei o maior susto, com uma aluna, saindo apavorada da biblioteca, quase me atropelando, gritando meia-engasgada: - Tem uma assombração na biblioteca, eu vi!!!.
O susto foi tão grande, que a moça precisou tomar um copo d’água com açúcar, na cozinha. E assim, como eu era diretor do educandário, não contei nada pra ninguém, afim de evitar maiores problemas.
Agora, quanto à segunda experiência extra-sensorial, tudo começou quando eu já estava me preparando pra dormir, e o telefone tocou: - Diretor, a última sala da parte de cima da escola está com a luz acesa!.
Agradeci e fui, não havia uma viva alma na rua e, chegando no prédio, abri a porta e entrei sentindo uma pressão muito forte sobre mim, parecendo impedir a minha caminhada pelos corredores.
Estava tudo muito escuro, não acendi nenhuma lâmpada pra não chamar a atenção da vizinhança, e, deste modo, atravessei o pátio, subi a escada, sempre com alguma coisa me incomodando,
e assim ganhei o corredor de cima, fui até a última sala, apaguei a luz e voltei.
A volta foi pior, só de me lembrar fico todo arrepiado, pois bem, ao descer a escada, comecei a perceber vultos me seguindo, não sei se foi impressão minha, mas foi muito assustador,
fiquei com muito medo, porque ninguém é de ferro, vi muitos vultos atrás de mim, querendo me pegar,
e assim, assustadíssimo, cheguei a correr de tal maneira que, quando dei por mim, já estava na rua, completamente aliviado, dando aquele, ufa!.
Deste modo, chegando em casa, contei, esbaforido, tudo pra minha esposa.
FOTO: Prédio da Escola Estadual Olavo Bilac, de Recreio, MG.
NOTA, Caro leitor e leitora, está aí a razão pela qual eu gosto de contar histórias de assombração, eu me sinto muito envolvido a este tema, inclusive na minha própria vida, aliás, todos nós somos protagonistas de histórias assim, o problema é que muita gente não se abre, porque tem medo dos outros pensarem mal, o que não é o meu caso, afinal, isto faz parte da vida de todos nós. O pensador, William Shakespeare, tem uma frase que diz tudo, Existem coisas entre o céu e a terra, que a nossa vã filosofia desconhece!.