sexta-feira, 14 de maio de 2021



depois de celebrar a missa da manhã, num sábado ensolarado de céu azul, padre higino latteck deixou a igreja de conceição da boa vista aos cuidados da competente zeladora cininha, e entrando em seguida na sua camioneta verde, com a cabeça pendendo para o lado direito, pegou a direção, e, apressadamente, com o afobamento que lhe era peculiar, pisou no acelerador, rumo a recreio, numa estrada de chão, com apenas cinco quilômetros de extensão. e deste modo, a viagem corria tranquilamente até que numa curva, dois sujeitos surgiram do nada, pedindo carona. instintivamente, ele pisou no freio e os deixou abordar o carro. acontece que mais na frente, segundo o padre higino, ele se arrependeu de ter dado a carona, porque começou a observar pelo espelhinho, que os dois homens no banco traseiro, completamente mudos, se entreolhavam de forma suspeita. lá pelas tantas, o automóvel começou a dar problema, e nesse ínterim, padre higino virou pra trás e pediu aos dois: por favor, desçam e empurrem o carro pra ele pegar!. não deu outra, assim que eles desceram, o padre higino meteu o pé na tábua, deixando pra trás os homens comendo poeira. chegando em recreio, com muito medo, foi direto pra casa paroquial, fechando portas e janelas, alegando uma forte dor de cabeça, e, devido a isso, não celebrou a missa das oito, na matriz menino deus. pois bem, aí está a razão do boato que saiu depois desse fato, que o padre higino dava carona, mas deixava a pessoa no meio do caminho, o que nunca foi verdade e, pelo que sei, ele parou de dar carona para estranhos. engraçado, parece-me que estou omitindo alguma coisa a respeito do padre higino, nessa história, ah!, já ia me esquecendo, o defeito no automóvel, na verdade, foi magistralmente simulado por ele.

NOTA: é verdade que todo boato tem um fundo de fato, é aquele negócio, eu aumento mas não invento. agora, esta história é verdadeira e foi contada pelo próprio padre higino.

anibal werneck de freitas, 2021.

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VENTO SUAVE (Lenira, Armando e Anibal)